segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Roscosmos planeja criar estação espacial própria até 2019

Projeto nacional será apresentado em contrapartida à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). No entanto, obrigações assumidas com os outros participantes do programa internacional serão cumpridas até o ano de 2020.


(Gazeta Russa) A colocação em órbita da estação orbital russa é uma das principais propostas do projeto de desenvolvimento da cosmonáutica tripulada até 2050. O documento oficial, que está sendo elaborado pela Roscosmos (agência espacial russa) em parceria com organizações científicas, prevê a implantação da estação russa entre 2017 e 2019.

“A configuração inicial será formada com base no módulo do laboratório polivalente e na unidade de acoplamento da nave espacial Oka-T”, informou uma fonte próxima à direção do Instituto Central de Pesquisa Científica de Construção de Máquinas. “A operação será garantida pelas naves Soyuz-MS e Progress-MS. No período de 2020 a 2024, será possível aproveitar os módulos transformável e de energia do programa lunar.”

O valor do projeto não foi divulgado pela Roscosmos. Porém, durante a fase inicial de implantação da estação espacial serão utilizados módulos e dispositivos que já são desenvolvidos para o segmento russo da ISS.

Apesar da iniciativa, não se fala em encerramento antecipado dos trabalhos na ISS. Moscou pretende cumprir integralmente as suas obrigações internacionais até 2020.

Em maio passado, o vice-primeiro-ministro Dmítri Rogôzin, que supervisiona a indústria espacial, declarou que o país não tem intenção de prorrogar a operação da ISS até 2024, conforme proposto pelos EUA. A ideia é que os recursos destinados à estação internacional sejam redirecionados a outros projetos espaciais.

No início deste mês, o presidente da Roscosmos, Oleg Ostapenko, comunicou à administração da Nasa que a decisão definitiva de prorrogar ou não o funcionamento da ISS será tomada pelo Kremlin antes do fim do ano.

A Rússia participa do programa da ISS desde 1998. Atualmente, a Roscosmos gasta com a sua manutenção seis vezes menos do que a Nasa – apenas em 2013, os EUA alocaram US$ 3 bilhões. Mesmo assim, a Rússia mantém o direito de integrar metade das tripulações.

Apoio à Lua
A lógica da criação de uma estação própria pode ser explicada por alguns fatores. Os lançamentos das naves tripuladas Soyuz-MS a partir do cosmódromo de Vostótchni com inclinação de 51,6 graus (padrão da ISS) representam grande risco para a tripulação durante a etapa do lançamento. Em caso de situação de emergência, os astronautas e cosmonautas estão sobre mar aberto.

A inclinação da estação orbital própria será de 64,8 graus, e a rota de voo na etapa de lançamento passará sobre terra firme. Além disso, os parâmetros de localização da estação vão permitir a entrega de cargas com a ajuda de foguetes lançados a partir do cosmódromo militar de Plesetsk. Isso permitirá à Rússia ter acesso ao espaço civil a partir de duas plataformas simultaneamente e eliminar os riscos políticos potenciais relacionados à utilização do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.

“A nova estação estará localizada em uma posição geometricamente vantajosa, com a possibilidade de expandir o seu campo de observação da superfície da Terra”, diz a fonte. “A partir da estação serão visíveis até 90% do território da Rússia e a plataforma continental do Ártico; na ISS esse indicador não passa de 5%.”

A nova estação também dará suporte a voos experimentais de missões tripuladas para exploração lunar. “Estamos falando sobre a criação de uma espécie de base de apoio – inicialmente, os veículos chegarão à estação e só depois seguirão para a Lua.”
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