sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Cientistas tentam construir torre mais alta do planeta


(Voz da Rússia) Recentemente, a empresa japonesa de construção Obayashi, gerente do projeto Tokyo Sky Tower, compartilhou os seus planos de construir um elevador espacial até 2050. Os EUA também possuem um projeto semelhante cuja realização é prevista para 2019. Contudo, a ideia vem inicialmente da Rússia.

O elevador espacial é um dos projetos teóricos de lançamento espacial sem foguetes-portadores. Trata-se de um método menos custoso e mais sustentável de transportação de cargas para a Estação Espacial Internacional, colocação em órbita de satélites e até turismo espacial.

Torre, trem ou elevador?
Primeiro, a torre espacial foi imaginada pelo célebre engenheiro Konstantin Tsiolkovsky em 1894. Sem ter passado muito tempo desde os romances de ficção científica de Júlio Verne, essa sugestão foi talvez a primeira tentativa de dar corpo a visões da fantasia.

O progresso nas áreas da ciência e engenharia permitiu falar de elevadores espaciais em termos de realidade projetada, mas projetada para prazos mais palpáveis. Assim, foi outro russo, Yuri Artsutanov, quem, nos anos 1960, publicou em uma revista científica soviética o artigo com o título “Em trem elétrico – para o espaço!”.

As ideias expressas no artigo são reconhecidas pela comunidade científica como viáveis. Trata-se de uma corda, ou um fio, que deve atingir, indo do equador terrestre, um peso ou uma estação orbital colocado na órbita geossincronizada sobre a superfície do planeta. Por isso, a corda deve ser ao mesmo tempo ligeira e resistente – tão resistente que não vale nenhum material dos que agora são conhecidos. No entanto, o peso ou a estação, esse satélite auxiliar, estando na órbita geoestacionária, iriam, segundo Artsutanov, permanecer em um ponto fixo sobre a Terra devido à força centrífuga.

A ideia do elevador espacial foi muito discutida no “século de ouro” da ficção científica, quando o mestre Arthur Clarke fez amizade com Artsutanov e pronunciou a ideia de que um ascensor espacial, sim, pode ser construído – “10 anos depois de que todo o mundo parar de rir sobre a ideia”. Foi a época do voo de Gagarin e da missão lunar de Armstrong. Desde então, a humanidade preferiu estudar o espaço imediato, povoando órbitas com satélites e estações especiais.

A imagem que aparece é, mais bem, o de um arranha-céus muito fino. Mas de uma tal altura que nem as Twin Towers de Nova York, nem a torre Jumeirah de Dubai, nem a torre televisiva de Ostankino, em Moscou, mereceriam comparação. E em termos de largura, é um fio que pode ser supostamente tão fino que nem poderá ser enxergado na etapa de construção. Um fio de 100 mil quilômetros de cumprimento.

Ah, sim. Um detalhe importante. A construção começa desde cima, ou seja, um satélite é instalado na órbita geossincronizada (certa altura sobre o equador em que o objeto permanecerá sempre sobre um lugar determinado na Terra, sem se deslocar relativamente à Terra), dele pende a primeira parte do cabo que depois será prolongado por outros cabos, até tocar a superfície terrestre. Para esses trabalhos nos “andaimes”, serão utilizados dispositivos especiais, tipo robô “aranha”.

Alguns projetos prevêem instalação do “porto terrestre” sobre um navio, para evitar terremotos, furacões e outras calamidades naturais.

A primeira pergunta que surge ao ver tal descrição: como que o “andaime” não cai? E como que a construção inteira, já construída e tudo, não se derruba? A explicação teórica é assim: a Terra possui gravitação, força que atrai objetos. Se um objeto ligado à Terra através de um fio não estiver sujeito a uma força de direção contrária, que o movimente para fora, irá cair. Mas a Terra gira em torno seu e em torno do Sol, provocando a força centrífuga que faz os objetos que estão a certa altura se distanciarem. Se o objeto estiver a tal altura e com fio que o une à Terra, não irá nem cair nem sair fora, e o fio estará estirado e firme.

Você escolhe o nome. Um elevador? Um trem? Uma torre? O porto espacial situado a essa altura terá todas as características de uma estação espacial. Não estará “sobre” o planeta, nem “baixo”, nem “a um lado”, mas em todas estas partes e direções.

Atualidade
A ideia de “elevador espacial” é da plêiade de ideias maiores, como visita a Marte, comunicação regular com a Lua e estudos de espaço cósmico profundo.

Segundo os autores do site Space Foundation, dedicado ao ascensor espacial, o “mapa roteiro” que viabiliza trabalhos práticos de construção de tal aparelho foi se esclarecendo desde 1990, quando o japonês Sumio Ijima descobriu os nanotubos de carbono, material que teoricamente poderia servir para reforçar o fio. Porém, pesquisas mais recentes apontam que os nanotubos são sempre menos resistentes do que é necessário. Materiais novos estão sendo elaborados.

Já na questão da energia precisa para se movimentar a gaiola do elevador, a equipe do Space Foundation sugere o uso de elementos fotovoltaicos e de um dispositivo que irá projetar, desde a superfície, uma forte coluna de luz para o mecanismo. Segundo as considerações de Artsutanov, expressas no citado artigo e em várias entrevistas, uma vez na estratosfera, a gaiola deverá girar em torno do cabo para criar condições normais para a carga e os passageiros e manter a velocidade de subida.

Todos esses projetos deverão, claro, incluir sistemas de fornecimento de ar, de hermetismo e de pressão para transportação de humanos.

Uma delegação já está se treinando para ir a Marte (inclusive com uma participante russa). No que toca ao elevador espacial, há os chamados “Jogos do Elevador Espacial” (Space Elevator Games), espécie de festival técnico-científico.

Ainda há muito para fazer nesta direção. Mas o espaço aproxima-se da humanidade com cada esforço dela, e as ideias, por fantásticas e gigantescas que possam parecer, com certeza irão trazer novas considerações e talvez descobertas em diversas áreas da ciência.

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