quarta-feira, 16 de abril de 2014

NASA abranda proibição de cooperação com Rússia


(Voz da Rússia) A NASA não quer “divorciar-se” da Roscosmos. Pouco depois de ter anunciado o fim da cooperação no espaço no quadro de todos os projetos conjuntos com exceção da EEI, a agência aerospacial dos EUA deu passo para trás. Agora, a decisão sobre cada programa conjunto será tomada “individualmente ”, diz o departamento.

Os EUA continuarão a cooperar plenamente com a Rússia no quadro de quatro missões interplanetárias em que se utilizam aparelhos científicos russos, explicou Allard Beutel, representante da agência. Não haverá quaisquer restrições no caso de projetos de geodesia espacial, ou seja em medições da Terra a partir do espaço. Cientistas americanos poderão participar também da 40ª conferência do Comitê de Pesquisas Espaciais (COSPAR), que irá decorrer em agosto em Moscou, adiantou Beutel.

Como escreve a edição eletrônica The Verge, não foi a NASA que decidiu penalizar a Roscosmos: a respectiva indicação chegou da Casa Branca. Quando o assunto chegou à etapa da realização prática, surgiram desentendimentos, supõe o acadêmico da Academia de Astronáutica da Rússia, Alexander Zheleznyakov:

“Alguém decidiu proceder de um modo, outro decidiu agir de maneira diferente. A seguir, uma análise ajuizada mostrou que este é um caminho imprestável. É necessário dividir a política e a cooperação científica, tanto mais que a limitação das relações com a Roscosmos é desvantajosa em primeiro lugar para os americanos que em certo grau dependem da nossa parte em projetos conjuntos. Por isso foram introduzidas determinadas emendas”.

“A redução da cooperação com a Rússia é contraproducente e prejudicial para a segurança nacional dos EUA”, disse a conselheira da NASA e neta do 34º presidente americano (fundador da NASA), Susan Eisenhower. Ao intervir numa comissão do Senado, ela duvidou que haja limites nítidos entre a cooperação “autorizada” no quadro da EEI e o resto. No espaço podem surgir situações que exigem esforços de um amplo leque de especialistas dos dois países, disse Susan Eisenhower.

A partir de 2002, nos EUA foram efetuados mais de 40 lançamentos espaciais nos interesses da NASA e do Pentágono de foguetões Atlas V equipados de propulsores russos RD-180. Os lançamentos de Atlas continuam apesar de sanções. Estes foguetes são montados por uma empresa privada de acordo com contratos diretos com a Rússia. As sanções não dizem respeito a companhias privadas. Resulta que esta esfera da cooperação tão importante para os Estados Unidos no quadro da montagem de RD-180 fica excluída das sanções.

A EEI é outra grande esfera da cooperação espacial. Por isso, quando os americanos declararam sobre as sanções e a exclusão da EEI delas, tal pareceu estranho, diz o redator da revista Novosti Kosmonavtiki (Notícias da Cosmonáutica), Alexander Ilyin:

“Não temos tais grandes projetos conjuntos no quadro dos quais poderíamos ser castigados com sanções. Em outras palavras, é evidente que eles se castigam a si próprios. Segundo dizem empregados do ramo espacial, tornou-se mais difícil, porque especialistas americanos estão proibidos de visitar a Rússia. A situação é absurda: os trabalhos conjuntos continuam, mas eles criaram problemas para seus próprios especialistas”.

Segundo o perito, um certo papel na revisão do regime de sanções foi desempenhado pelos receios de que a Rússia pudesse congelar certos acordos referentes à EEI, o que seria muito doloroso para a NASA.

Contudo, alguns programas estão sendo congelados. São, em particular, o desenvolvimento da possibilidade de missão não tripulada conjunta de estudo de Vênus e os testes de modelo de avião americano de larga fuselagem em túnel aerodinâmico russo.

A Roscosmos declarou que não irá aplicar sanções de resposta.

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