terça-feira, 24 de setembro de 2013

"Minha família não apoia", diz candidato à viagem para Marte

Brasileiro diz que quer investigar a existência de vida fora da Terra e que família acha que ele está "carimbando o passaporte para a morte"



(Info / Exame) A startup holandesa Mars One está envolvida em um projeto ambicioso de 6 bilhões de dólares para colonizar Marte. Mais de 200 mil pessoas de 140 países aprovaram a ideia e se inscreveram para fazer parte do grupo que colonizará o planeta vermelho em uma viagem sem volta prevista para começar em 2023.

O brasileiro Douglas Rodrigues, 22 anos, é um dos candidatos a viver em Marte. Estudante do curso online de Astrofísica pelo Observatório Nacional e Cosmologia na Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos), seu grande projeto atual é o site de inovação e ciência Universo Racionalista, que já acumula mais de 290 mil seguidores no Facebook.

O paulista se considera um forte candidato para habitar o solo marciano. Em entrevista a INFO, Oliveira falou sobre seu desejo de buscar por indícios de vida em Marte e sobre as chances remotas de sobreviver longe da Terra. Veja a seguir:

Por que você quer ir para Marte?
Douglas Rodrigues - É a maneira mais fácil de realizar meu sonho de explorar outros planetas em busca de vida extraterrestre. Mas como as distâncias são enormes, demoraríamos milhões de anos para encontrar um planeta como a Terra para realizar um experimento científico mais eficiente do que um robô como o Curiosity pode fazer. Essa é uma oportunidade de fazer um experimento em solo marciano em busca de alguma forma de vida ou, quem sabe, achar algum indício de que já houve vida em Marte.

Então, você acredita em vida extraterrestre?
Douglas Rodrigues - Não quero acreditar, quero saber. E para isso é preciso investigar. Existem fortes indícios de que a vida pode se originar e se desenvolver fora da Terra. É isso que torna a hipótese provável e a busca viável. Sabemos que, até o momento, não existem evidências científicas de vida fora da Terra. Mas a imensidão do universo, a descoberta de planetas semelhantes à Terra e o estudo de organismos que conseguem viver em condições extremas tornam cada vez mais provável a existência de formas de vida em outros planetas. Podemos, portanto, especular a existência de vida inteligente.

Qual foi a reação da sua família ao saber da sua candidatura?
Douglas Rodrigues - Minha família não me apoia. Dizem que estou “carimbando meu passaporte para a morte”. Minha resposta é que, de qualquer forma, nada dura para sempre. Nossas vidas nesse pixel da galáxia são ínfimas em tempo e em importância diante do universo. Até mesmo a nossa principal fonte de energia, o Sol, um dia vai morrer. Devemos tentar realizar nossos sonhos, independente do risco. Não existe um significado imposto pelo universo sobre nossas vidas. Somos nós que damos sentido a nossa existência. Se nos impedíssemos de agir diante dos obstáculos, a humanidade provavelmente jamais chegaria aonde chegou. Quantos navios naufragaram antes de atingir as terras hoje conhecidas como Brasil?

Mas você não concorda que a viagem é muita arriscada?
Douglas Rodrigues - Todo projeto exige pessoas dispostas a serem as primeiras a testar possibilidades. Temos que descobrir se a hipótese é verdadeira ou falsa, com a tecnologia atual. Você acredita que o projeto tem equipamentos e conhecimentos científicos para fazer a viagem em segurança? O projeto tem bases científicas consistentes para realizar um evento desse nível, com apoio de agências espaciais de porte para adquirir os equipamentos necessários e realizar a missão. Devo confessar que não creio que vá dar certo manter seres humanos em Marte, mas isso não tira a minha vontade de chegar aonde nenhum humano jamais chegou.

Como você consegue lidar com a ideia de nunca mais voltar para a Terra?
Não vejo isso como um empecilho, algo que me faça desistir. Precisaria de um argumento muito mais atormentador do que uma mera despedida do nosso pequeno pálido ponto azul na imensidão cósmica.

E com a ideia de ter que viver com um traje espacial?
Douglas Rodrigues - A partir do momento que você está disposto a enfrentar desafios, você deve ter a mente aberta para aceitar, e se possível, se adaptar às diferentes condições e experiências que ocorrem em um determinado trajeto.

Você está confiante de que vai conseguir vencer o concurso? Acha que o fato de trabalhar com divulgação científica pode te ajudar?
Douglas Rodrigues - Estou muito confiante. Sou um candidato perfeito e meu ponto favorável é o intelecto. Tenho conhecimento científico e entendo de programação de computador.

Considero meu raciocínio lógico para situações extremas um dos pontos importantes, assim como meu ceticismo e minha racionalidade.

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