quinta-feira, 22 de novembro de 2012

21 dias de cabeça para baixo para estudar mudanças em corpo de astronautas

Experiência ajudará a compreender processo de envelhecimento



(Ciência Hoje - Portugal) Doze voluntários vão passar 21 dias deitados numa cama, com a cabeça inclinada abaixo da horizontal. A experiência vai ajudar a compreender e ensinar a lidar com as mudanças que ocorrem nos corpos dos astronautas no Espaço, bem como em pessoas acamadas na Terra. Os testes serão numa cama por ser mais barato e seguro do que enviar os voluntários para o espaço.

Longe de ser um período de descanso e relaxamento, os participantes no estudo serão submetidos a actividades diárias regulares e intensivas, incluindo testes e exames no Instituto Francês de medicina espacial e fisiologia, MEDES e não serão autorizados a levantar-se, nem mesmo uma vez, seja para uma mudança de cenário, tomar banho ou mesmo para ir à casa de banho. Além disso, terão de repetir estes 21 dias de provação duas vezes num ano.

À medida que envelhecemos, os nossos corpos perdem a densidade óssea e a força muscular. Os astronautas no espaço sofrem mudanças semelhantes, mas a um ritmo muito mais acelerado do que na Terra e encontrar formas de combater este processo é importante para as agências espaciais, pacientes, entre outras pessoas.

Em nome do progresso científico, os participantes serão analisados cientificamente para ver como se adaptam à permanência na cama por longos períodos. Esta investigação integra uma ampla gama de estudos internacionais sobre repouso e testar respostas aos desafios da vida no espaço, do envelhecimento e de longos períodos de imobilização após doença.

Quando se colocam pessoas deitadas com a cabeça num ângulo de 6º abaixo da horizontal por longos períodos, os seus corpos reagem como se não tivessem peso. Neste estudo, os 12 voluntários foram divididos em três grupos para testar um conjunto de medidas contra a perda óssea e muscular.

Três grupos numa experiencia de mais de um ano
O grupo de controlo vai passar 21 dias na cama em repouso, enquanto um segundo será submetido a um plano de utilização de máquinas de exercícios resistivos e vibratórios e o terceiro, além de utilizar as máquinas de exercícios, irá também ingerir suplementos nutricionais de proteína de soro de leite – um suplemento que os culturistas usam para treinar os músculos.

Embora as propriedades das proteínas do soro sejam bem conhecidas pelos culturistas, será que a proteína irá ajudar a manter a força muscular, sem passar horas no ginásio?

Os voluntários irão participar em todas as fases, uma após a outra, ao longo de toda a experiência de mais de um ano. Após a sessão de 21 dias, que teve início a 12 de Novembro, os participantes voltarão à clínica MEDES, em Toulouse, França, para mais duas sessões em 2013.

Os participantes terão quatro meses de intervalo entre cada sessão de repouso absoluto para recuperarem, descansar um pouco e apreciar a sensação de sair da cama de manhã.

O projecto é co-financiado pela agência espacial francesa CNES e faz parte do ELIPS, o Programa Europeu para as Ciências Físicas e da Vida.

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