quinta-feira, 10 de maio de 2012

Enfraquecimento do sistema imunitário dos astronautas explicado

Estudo revela como manter células vivas e de boa saúde





(Ciência Hoje - Portugal) Um estudo realizada na Estação Espacial Internacional (ISS) oferece pistas para se perceber por que razão o sistema imunitário dos astronautas não funciona tão bem no espaço e as recentes descobertas podem beneficiar os mais idosos na Terra. A enzima 5-LOX poderá explicar como manter as células vivas e de boa saúde no sistema imunitário.

Os astronautas estão sujeitos a diferentes tipos de stresse no processo de adaptação à microgravidade e embora já se soubesse que o sistema imunitário não funciona tão bem no espaço, perceber porque é que isto acontece é um dos motores da investigação espacial.
Os investigadores da Universidade de Teramo, o Centro Europeu para a Pesquisa do Cérebro e a Fundação Santa Lucia descobriram que uma enzima, denominada 5-LOX, torna-se mais activa em ambientes de ausência de gravidade. A 5-LOX regula de certo modo a esperança de vida das células. A maior parte das células divide-se e regenera-se, mas o número de vezes que isto acontece é limitado.

Será que são alterações na actividade da enzima 5-LOX que estão a afectar a saúde dos astronautas no espaço? Para descobrir a resposta, os cientistas precisaram de testar a sua teoria no único laboratório em que se pode ‘desligar’ a gravidade: a Estação Espacial Internacional.

A experiência foi a seguinte: Foram recolhidas amostras de sangue de dadores saudáveis, enviadas posteriormente para a Estação. Uma parte do sangue foi exposta à ausência de gravidade por dois dias, enquanto a outra foi mantida numa pequena centrifugadora para simular a gravidade da Terra. As amostras foram então congeladas e enviadas para a Terra, para análise.

Tal como previsto, a actividade da 5-LOX era maior nas amostras que estiveram em ausência de gravidade do que nas amostras da centrifugadora ou de que no sangue que ficou em terra. Na realidade, as amostras da centrifugadora mantiveram-se idênticas às amostras em terra.

Mauro Maccarrone, da universidade de Teramo, explica, “agora temos um alvo, uma enzima que pode ter um papel importante no enfraquecimento do sistema imunitário. A 5-LOX pode ser bloqueada com moléculas que já existem, portanto a utilização destas descobertas na saúde das pessoas é uma realidade próxima.”

A investigação em torno da enzima e dos compostos com ela relacionada continuará. Uma experiência de follow-up voltou à Terra numa cápsula Soyuz, com a expedição 30, na semana passada. Os cientistas procuram agora outras alterações nas células de forma a perceberem o mecanismo por completo.

Limitar a actividade biológica dos sinais celulares, tais como os controlados pela 5-LOX, pode inclusivamente atrasar o processo de envelhecimento. Estas descobertas estão a ser partilhadas entre a comunidade científica, em especial com os investigadores que se dedicam ao estudo das deficiências imunitárias. Espera-se que os idosos possam beneficiar deste campo de investigação.

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