sexta-feira, 13 de abril de 2012

Agência Espacial Europeia perde contato com satélite Envisat

Equipamento, em órbita desde 2002, enviava dados para estudo sobre mudanças na Terra





(O Globo) Técnicos da Agência Espacial Europeia (AEE) estão reunidos em caráter de emergência para tentar restabelecer contato como satélite Envisat, em operação desde 2002, mas que interrompeu comunicação desde o último domingo. De acordo com a agência europeia, o satélite ainda está em órbita estável, e há esperança de que se recupere o equipamento até o lançamento de seu substituto.

Estações de rastreamento da agência europeia foram acionadas ao redor do planeta, e o time montado para a recuperação do Envisat inclui engenheiros e especialistas em dinâmica de voo.

O Envisat já superou a expectativa de vida útil em cinco anos e fez mais de 50 mil voltas ao redor da Terra, transmitindo informações para o estudo científico do planeta. Considerado o satélite de observação terrestre mais complexo em órbita, o Envisat carrega 10 instrumentos capazes de fornecer dados sobre solo, atmosfera, oceanos e geleiras.

Mais de 4 mil projetos em mais de 70 países usaram os dados do Envisat, inclusive o Brasil. Em 2005, uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França levou à estratosfera 10 balões para estudar a camada de ozônio checando informações transmitidas pelo satélite europeu.

A esperança é de que o Envisat trabalhe até 2014, quando será trocado pelos novos satélites da série Sentinel, cujo primeiro lançamento está previsto para o ano que vem. Assim que o primeiro Sentinel estiver em órbita, o Envistat — se for recuperado, evidentemente — será poupado de suas funções de radar. Quando se aposentar definitivamente, a estimativa é de que o Envisat vai poupar os cofres da AEE em 40 milhões de euros.

Se o Envisat ficar perdido definitivamente desde agora, ficarão para a história suas últimas imagens captadas antes de perder contato: uma foto em preto e branco das Ilhas Canárias e outra imagem, desta vez em cores, da Península Ibérica quase sem nuvens. Sem Envisat, a AEE informou que vai acionar um acordo de contingência com a Agência Espacial Canadense para usar o satélite Radarsat em substituição de parte das funções do equipamento europeu.

— A interrupção do serviço do Envisat mostra que o lançamento dos satélites Sentinel, que estão programados para substituírem o Envisat, torna-se urgente — declarou Volker Leibig, diretor de Programas de Observação Terrestre da AEE.

Os Sentinel vão participar das missões do Programa de Segurança e Monitoramento Global para Meio Ambiente do continente europeu.

Entre as grandes descobertas do Envisat estão as relacionadas à perda da camada de gelo da superfície terrestre. Ano passado, o Envisat enviou imagens que levarm à conclusão de que duas grandes rotas de navegação foram abertas no Ártico com o derretimento do gelo marinho. Na ocasião, a Passagem Noroeste do Canadá e a Rota Russa do Ártico tornaram-se disponíveis simultaneamente. A descoberta do satélite, além de alarmar a comunidade científica, gerou cobiça. Companhias de navegação já estão de olho nos benefícios que estas rotas podem trazer se elas se mantiverem abertas constantemente. Por enquanto, a rota russa já está livre o suficiente de gelo para que grandes petroleiros lotados de gás natural condensado deixem o porto de Murmansk e passem pela costa da Sibéria em seu caminho até a Tailândia.
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