terça-feira, 4 de outubro de 2011

EUA e China: corrida espacial ou cooperação cósmica?



(Space.com / Hypescience) Em 2003, a China entrou para o seleto grupo de países que conseguiram enviar pessoas para o espaço, juntamente com a Rússia e os Estados Unidos. Recentemente, o poder chinês no espaço cresceu ainda mais, com o lançamento do primeiro módulo de sua estação espacial.

Com a China alcançando as estrelas, surgem duas possibilidades para os Estados Unidos: eles podem cooperar, propondo projetos de exploração conjunta, ou podem restringir sua colaboração – e quem sabe, talvez, até começar uma corrida espacial semelhante à da década de 1960 contra a União Soviética.

A China já enviou o embrião de sua estação espacial, o Tiangong-1, ou “Palácio Celestial”, que será usado em conjunto com outra nave espacial que será lançada mais tarde, a Shenzhou 8, que será a primeira manobra de acoplagem chinesa.

Embora as metas a longo prazo da China estejam pouco claras, o que era pra ser um segredo de Pequim já caiu na boca do povo: a China pretende fazer uma missão tripulada rumo a lua. O projeto Tiangong é um passo em direção a esse objetivo.

Enquanto o programa espacial chinês está crescendo, a NASA enfrenta difíceis problemas. O presidente americano Barack Obama tem pressionado a NASA para começar a planejar missões a um asteroide e a Marte, mas, enquanto isso, a NASA está privatizando alguns de seus setores e já não tem a força de outrora.

Todas essas futuras iniciativas dos Estados Unidos levarão tempo. Portanto, entrar em uma nova corrida espacial desta vez não significa que, necessariamente, os americanos vencerão, como quando travaram uma batalha contra os soviéticos.

“Atualmente o EUA está em uma situação de reorientar os seus esforços em voos espaciais”, diz Joan Johnson-Freese, presidente do Departamento de Estudos de Segurança Nacional do Colégio de Guerra Naval. “Nós não temos a vontade política que a China tem no momento. Se há uma corrida acontecendo, sua vantagem é através de vontade política, não de tecnologia”, afirma Johnson-Freese.

Mas, enquanto os Estados Unidos continuam a ser líder internacional na capacidade de voo espacial, não está claro se esse será sempre o caso. “Essa é a escolha que temos que fazer”, afirma Johnson-Freese. “Isso não é uma escolha que os chineses vão fazer por nós. Temos de decidir onde vamos colocar os nossos recursos”.

Alguns especialistas afirmam que as realizações espaciais da China não devem ser vistas como uma ameaça para os americanos, mas sim como uma oportunidade de colaboração, como a Rússia e outras nações já estão fazendo.

“Os temores são de que se trabalharmos com a China, será para benefício tecnológico deles”, Johnson-Freese diz. “Mas eu sou da opinião de que é sempre melhor trabalhar com as pessoas e ter algum controle do que ter outros trabalhando com elas quando você não está envolvido”.

Mas, para muitas pessoas, trabalhar em conjunto com a China pode ser sinônimo de compartilhamento de tecnologia e conhecimento dos Estados Unidos, o que pode ser perigoso estrategicamente para o país. Além de tudo, o programa espacial chinês é obscuro e cheio de mistérios para o resto do mundo.

Alguns legisladores americanos se opuseram fortemente a cooperação espacial com a China. O argumento é que as atividades espaciais chinesas são muito ligadas as suas forças armadas, cujas ações estão, muitas vezes, em desacordo com os interesses dos Estados Unidos. Além disso, alguns legisladores acreditam que abusos dos direitos humanos na China não devem ser recompensados com cooperação.

A questão espacial é maior do que parece, pois apoiar ou não a China envolve toda a conjuntura da política internacional entre as duas super nações. Os avanços da China estão diante de nossos olhos, resta saber qual será a posição dos Estados Unidos.

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