quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Criado para ser a 'Nasa brasileira', Inpe completa 50 anos

Veja foto em 360 graus do laboratório onde o Brasil testa seus satélites. Instituto é referência internacional e tem parcerias com diferentes países.


(G1) Há 50 anos, no mesmo ano em que a União Soviética enviava o primeiro homem ao espaço e o presidente dos Estados Unidos John Kennedy divulgava o desafio de fincar a bandeira americana na Lua, o Brasil também dava seus primeiros passos na corrida espacial.

Em 3 de agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros assinou o decreto que criava o embrião do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A inspiração do presidente vinha da visita do cosmonauta soviético Yuri Gagarin, mas o exemplo que seria seguido para a criação do instituto veio da então recém-nascida Nasa, a agência espacial americana.

“O primeiro diretor do Inpe [Fernando Mendonça], dizia que nunca íamos ter o dinheiro da Nasa, nem voos tripulados, nem um programa espacial grandioso. O que precisávamos era de um programa que encontrasse no espaço aquilo que beneficiaria o país e as tecnologias fariam a diferença”, conta Gilberto Câmara, atual diretor da instituição vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

Cinco décadas depois, o Inpe, sediado em São José dos Campos (SP), tem 11 unidades distribuídas pelo país, trabalha em parceria com países da Europa, América, África e Ásia, e é o responsável pelo desenvolvimento de satélites para monitoramento do território nacional.

Conhecimento
O Inpe já construiu cinco equipamentos próprios para a geração de imagens para o monitoramento do uso da terra, estudos de impacto ambiental e gestão florestal, empregados na fiscalização do desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica. Há planos para outros 14 satélites para a observação da Terra até 2020, com investimento em torno de US$ 1,6 bilhão para sua construção.

A instituição também trabalha com meteorologia e previsão do tempo, nas pesquisas sobre mudanças climáticas e mantém laboratórios de testes para a indústria aeroespacial e outros setores.

Entre eles está o LIT (Laboratório de Integração e Testes), criado há 23 anos com o objetivo de testar o funcionamento dos satélites fabricados na instituição e ainda servir à indústria nacional e estrangeira do setor.

LIT
No hall principal de testes do LIT, os pesquisadores conseguem simular o ambiente espacial em que os satélites vão permanecer, além de testar se os aparelhos produzidos pelos cientistas do Inpe vão resistir às eventualidades que podem ocorrer no lançamento por foguetes, como ruídos, vibrações e choques.

Em outra área do laboratório, são feitos testes de compatibilidade eletromagnética - medições de radiação em produtos do cotidiano, como celulares, máquinas de cartão de crédito, além de veículos como ônibus e carros.

Os níveis de transmissão e recepção de interferência destes equipamentos são testados para que não ocorram impactos na saúde.

“Por exemplo, um carro com injeção eletrônica que passa pela avenida Paulista, que é repleta de antenas, não pode sofrer interferência e alterações enquanto alguém dirige”, exemplifica Marco Antônio Strobino, gerente do laboratório. “Em breve, vamos testar aqui um caça supersônico - sem as asas, senão o avião não entra”, explica Strobino .

Dentro desta área também são medidos os níveis de radiação enviados por aparelhos celulares. O LIT é responsável por verificar a radiação de todos os aparelhos que são lançados no país.

“Avaliamos a quantidade de radiação enviada para a cabeça e para o corpo, e também se há superaquecimento das baterias. Em média, cerca de cem equipamentos são testados por ano”, contabiliza Renato Lira da Silva, engenheiro elétrico e coordenador do laboratório de SAR (“taxa de absorção específica”, na tradução do inglês).

Futuro
Com 1.070 funcionários, o Inpe se prepara para o futuro cercado de incertezas e problemas. Além da falta de perspectiva para aumento do orçamento da instituição, a escassez de mão-de-obra pode atrapalhar o andamento dos projetos e ameaçar a continuidade dos serviços.

Outro ponto que está em discussão atualmente é a possível fusão do instituto com a Agência Espacial Brasileira, que poderia aumentar o repasse anual de verbas em R$ 1 bilhão e beneficiar novos projetos. “Seria um salto, se não fossem os problemas econômicos mundiais e que podem afetar o país. Existem outras prioridades”, afirmou Gilberto Câmara.
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Matéria com foto em 360 graus aqui
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