sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Torre Móvel de Integração é Concluída



(Revista Espaço Brasileiro / Brazilian Space) A nova Torre Móvel de Integração (TMI) do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) está pronta. A torre é uma das plataformas mais modernas do mundo para veículos espaciais do porte do Veículo Lançador de Satélites (VLS) – capaz de colocar satélites de até 380 quilogramas em órbita de baixa excentricidade (próxima a um círculo) e baixa inclinação (próxima ao plano do equador). A plataforma custou pouco mais de R$ 44 milhões e foi construída com tecnologia de ponta pelo consórcio Jaraguá Lavitta, sob a supervisão conjunta de uma equipe de engenheiros e técnicos do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e do CLA. Grande parte das modificações em relação ao projeto anterior visou tornar a torre mais segura.

O Gerente da TMI e do VLS-1 do IAE, Tenente Coronel César Demétrio Santos, explica que a TMI é um dos componentes que fazem parte do Sistema Plataforma de Lançamento do VLS (Sisplat/VLS). O Sisplat é parte do Setor de Preparação e Lançamento (SPL) do CLA. Tem como função atender à preparação final e ao lançamento do veículo, e se compõe de uma série de facilidades que se destinam a dar apoio à integração final do Veículo e à ativação do mesmo. Além da Torre Móvel de Integração, o Sisplat é composto basicamente pela Mesa de lançamento (ML), Torre de Umbilicais (TU), Torre e Túnel de Escape (TTE) e outras instalações de apoio, como a Sala de Interfaces, Casa de Equipamentos e Apoio, Pátio de Manobras, Sala de Refrigeração e Pressurização e Sala de baterias.

O projeto da antiga Torre de Integração foi revisto e significativas modificações foram feitas. A primeira delas foi o novo remodelamento interno que favorece o deslocamento dentro da TMI, adicionando os meios necessários para o acesso a Torre de Escape – uma saída de emergência. TCel Demétrio explica que outra modificação foi introduzida nos sistemas de acionamentos das plataformas móveis e das portas, melhorando sua confiabilidade, operação, mantenabilidade e monitoramento. Acatando uma sugestão de uma equipe de especialistas russos, a sala limpa (sala de integração do satélite com temperatura, umidade e quantidade de partículas em suspensão controladas) foi retirada, o que suscitou o aumento da altura do nível onde ocorria a integração do satélite e realocação dos evaporadores do sistema de refrigeração dos módulos superiores do Veículo Lançador de Satélites (VLS).

Para diminuir o risco de falha humana ou técnica na operação da TMI, houve a incorporação de um sistema de monitoramento. Outras alterações ocorreram no sistema de movimentação, incluindo o aumento do número de motores, de maneira a aumentar sua confiabilidade e sua velocidade de deslocamento de um metro por minuto para cinco metros por minuto. Houve, também, modificação do sistema de freios e “patolamento”, diminuindo o tempo necessário para operação e assim diminuindo o risco aos operadores. A Torre de Umbilicais (TU) foi aumentada possibilitando o acoplamento de um sistema de alimentação de propelentes líquidos.

A nova sala de interfaces possui um número maior de salas, abrigando agora, além do banco de controle do veículo, o sistema de pressurização do Túnel e Torre de Escape bem como o seu local de resgate, uma sala reservada ao CLA para abrigar equipamentos e uma sala de baterias ampliada.

Houve modificações, também, nos sistemas elétricos de aterramento e de automação. A torre antiga possuía o modelo TN-S, a nova terá o IT (trata-se de configurações de sistemas elétricos: TT, TN-C, TN-S e IT), que diminui o valor das corretes de curto-circuito e possibilitando um melhor monitoramento. “Dessa maneira, foi possível implementar um sistema de automação mais moderno, que permite a execução de testes individuais em diversos componentes desse sistema, além do monitoramento de falhas através de um sistema gráfico”, explica TCel Demétrio. Outra mudança nesta área foi o Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) que foi reformulado para proteger praticamente toda a área do Sistema Plataforma de Lançamento do VLS, visando principalmente o veículo quando a TMI está recuada (posição de lançamento).

Ao que tange os sistemas de segurança e infraestrutura foi efetuado o isolamento da área de risco, compreendida pelo Sisplat/VLS, aprimorando, assim, a segurança das instalações. Foram construídos, também, abrigos com disponibilidade para telefone e energia elétrica para a realização de operações relacionadas ao sistema de controle do veículo e instalação de câmeras para registro durante o lançamento. Foram, ainda, fabricadas canaletas técnicas, previstas para o sistema de alimentação de motores à propulsão líquida.

A nova TMI proporcionará ao Brasil maior autonomia em relação a futuros projetos espaciais, pois terá a capacidade de lançar foguetes do porte do VLS. Com isso, economizará milhões de reais, visto que não precisará terceirizar os lançamentos.

Teste do Mock-up de Integração de Redes Elétricas (MIR) - Após a conclusão do Sisplat, prevista para março de 2011, será iniciada a montagem do Mock-up do VLS – uma maquete em escala real. “Os testes serão realizados durante a montagem, onde serão integrados todos os componentes mecânicos do veículo, com os motores inertes, simulando uma campanha de lançamento”, conta TCel Demétrio. Serão realizados testes preliminares em todos os sistemas envolvidos após o término da montagem dos sistemas elétricos e de automação.

Capacitação - As equipes que trabalharão na nova TMI receberão formação e treinamento durante o recebimento do Sistema Plataforma, em junho de 2011 e, principalmente, durante a montagem do mock-up.

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