terça-feira, 30 de novembro de 2010

Câmara Lança Estudo Sobre a Política Espacial Brasileira

Estudo afirma que, hoje, o Brasil é classificado como um dos competidores menos atuantes no cenário internacional devido à carência de investimentos e falta de formação de especialistas

(Agência Câmara / Brazilian Space) O Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara lança hoje, às 15h30, no Salão Nobre, a publicação “A Política Espacial Brasileira”, fruto de sugestão do deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). A partir do estudo – que incorpora o resultado de conferências e reuniões com autoridades e especialistas do setor –, o deputado apresentou o Projeto de Lei 7526/10, que institui incentivos para as indústrias espaciais, e recomendações ao Poder Executivo, por meio da Indicação 6480/10.

A publicação, 7º volume da série Cadernos de Altos Estudos, aponta que, embora o Brasil seja um dos pioneiros na área espacial, hoje não dispõe de recursos adequados para o desenvolvimento do setor. O deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), integrante do conselho, lembra que, apenas quatro anos após o lançamento do satélite Sputinik I pelos russos, considerado marco zero para a atividade, o Brasil instituiu um grupo para "ingressar nesse seleto clube".

Orçamento
No entanto, para o período de 2005 a 2014, os investimentos previstos no Plano Nacional de Atividades Espaciais foi de R$ 3,12 bilhões. Ainda assim, apenas R$ 1,06 bilhão foram autorizados no Plano Plurianual de Investimentos (PPA). E os recursos efetivamente gastos até dezembro do ano passado somam somente R$ 502,36 milhões.

Para se ter uma idéia, somente em 2008, apenas em atividades civis, a China investiu 1,3 bilhão de dólares (cerca de R$ 2,25 bilhões), conforme o estudo. O valor é praticamente o mesmo aplicado pela Rússia no mesmo ano, de 1,31 bilhão de dólares. Maior potência em tecnologia espacial no mundo, os Estados Unidos destinaram 18,9 bilhões de dólares (R$ 32,68 bilhões) à NASA naquele ano.

Devido à carência de investimentos e problemas como falta de formação de especialistas e carência de planejamento, o Brasil hoje é classificado como um dos competidores menos atuantes no cenário internacional, prossegue o estudo.

Proposta
No PL 7526/10, Rollemberg concede uma série de benefícios fiscais para as indústrias espaciais. A proposta assegura, por exemplo, redução de 100% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na comercialização de bens, produtos e serviços do setor. Suspende também a cobrança de PIS/Pasep e Confis, inclusive para importação e exportação.

Os mesmos benefícios aplicam-se à venda ou à importação de soluções de informática destinadas à área espacial. Segundo Rollemberg, "o total previsto de desoneração dará um novo impulso ao setor industrial espacial, que hoje vive praticamente das contratações da União".

Como contrapartida, as empresas beneficiadas deverão investir, anualmente pelo menos 5% de seu faturamento bruto anual em pesquisa e desenvolvimento realizados no País. O autor do projeto ressalta que o orçamento público, além de escasso, vai majoritariamente para institutos executores do programa, "restando pouquíssimos incentivos à indústria".

Ainda conforme o projeto, nas compras por órgãos e entidades da administração pública e nos financiamentos por entidades oficiais de crédito, as empresas brasileiras do setor espacial e os bens considerados de fabricação nacional terão prioridade. A proposta também prevê a criação de linhas de crédito especiais para pesquisa e desenvolvimento tecnológico da área.

Outra fonte de recursos destinados ao setor prevista na medida é a transferência de 15%, no mínimo, da arrecadação com a contribuição de intervenção no domínio econômico (Cide) para o Fundo Setorial - CT Espacial. O estudo do conselho mostra que hoje o fundo é insignificante, pois contribui com menos de 1% dos recursos destinados ao programa espacial, cerca de R$ 9,6 milhões entre 2000 e 2009.

Indicação
Já por meio da Indicação 6480/10, Rollemberg sugere ao Executivo, entre outras medidas, a substituição do Conselho Superior da Agência Espacial Brasileira pelo Conselho Superior de Política Espacial, vinculado diretamente à Presidência da República. Na opinião do parlamentar, a Agência Espacial Brasileira também deve ser reformulada, com quadro próprio de servidores e autonomia orçamentária.

Íntegra da proposta:

PL-7526/2010
INC-6480/2010

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