segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Argentina: entrevista sobre a Arsat

(Panorama Espacial) A edição de outubro da revista norte-americana Via Satellite, especializada em satélites, especialmente de comunicações, tem uma entrevista com Pablo Tognetti, diretor-presidente da companhia estatal argentina de comunicações Arsat. Esta é a única provedora de serviços de comunicações via satélite na América do Sul que contratou a construção de satélites na região, no caso, junto a empresa também argentina Invap.

A entrevista traz informações interessantes, como o custo dos satélites Arsat, fontes de recursos de financiamento e retorno de investimento, e também a ideia de se exportar futuramente o projeto dos satélites. São informações que demonstram mais uma vez a competência e criatividade do governo argentino no desenvolvimento de tecnologia espacial.

Abaixo, destacamos os principais trechos, traduzidos pelo blog do inglês para o português:

Satélites Arsat
"O plano de operação de satélites da Arsat envolve três satélites, sendo que o primeiro - Arsat-1, está em construção e seu lançamento está programado para o meio de 2012. Nós assinamos um contrato com a Arianespace para o lançamento deste satélite. Planejamos lançar o Arsat-2 em 2013 e então o Arsat-3 em 2014, respectivamente. O desafio inicial é completar a construção dos satélites Arsat-1 e Arsat-2. Isto está em andamento numa companhia chamada Invap, localizada ao sudeste da Argentina. Esta é uma empresa de tecnologia que é a "prime contractor" dos satélites."

Custo dos satélites
"Nós estamos aplicando cerca de US$ 200 milhões nos próximos 12 meses, e isto representa os investimentos para o Arsat-1 e Arsat-2. A maior parte do financiamento vem de nosso principal acionista, o Ministério do Planejamento e Investimento Público. Isto é reflexo do alto interesse no programa por parte do governo, mas nós obtivemos uma nova fonte de financiamento, que é uma organização multilateral de financiamento, a Corporacion Andina de Fomento (CAF). A CAF outorgou um primeiro empréstimo de US$ 36 milhões. Esta foi a primeira vez que a corporação financiou um projeto de satélite. A CAF usualmente empresta recursos para a construção de estradas e outros projetos de infraestrutura. Esta foi a primeira vez que eles financiaram um projeto de tecnologia, e nós estamos orgulhosos disso. Este valor será aplicado na fase de desenvolvimento do projeto.

Nós agora submetemos para avaliação da CAF um segundo empréstimo, no valor de US$ 100 milhões. Este será destinado especificamente para o Arsat-1. O custo do Arsat-1 será maior do que os dos outros dois satélites, em razão de custos não-recorrentes de desenvolvimento, mas o custo do Arsat-2 provavelmente será de US$ 210 milhões, incluindo lançamento e seguro. Como há uma curva de aprendizado, e por que nós também desejamos aumentar a contribuição doméstica na construção dos satélites, nós esperamos uma redução nos custos. Nós acreditamos que o custo do Arsat-3 será em torno de US$ 200 milhões ou menor. Além do mais, esperamos implementar um plano de negócios com a Invap, a companhia que está construindo os satélites, para tentar exportar estes satélites. A Arsat está pagando pelo desenvolvimento, logo, ela possui toda a propriedade intelectual."

Retorno do investimento
"Esperamos que o plano de re-pagamento destes satélites, incluindo os custos não-recorrentes, esteja completo por volta de 2020."

Demanda governamental e militar na Argentina
"Nós não temos banda X planejada para os nossos satélites. Temos capacidade em banda C e Ku, e estamos fornecendo alguma capacidade em banda Ku para o Ministério da Defesa da Argentina. Não há planos específicos para construir satélites com banda X num futuro próximo. Nós ajudaremos o Ministério da Defesa da Argentina a resolver algumas de suas demandas em relação a capacidades. Entendo que uma reformulação da estratégia em telecomunicações está ocorrendo no Ministério da Defesa, logo, esperamos atender sua necessidade em termos de capacidade.

Várias agências governamentais, tais como a de Saúde e Educação, por exemplo, estão também tomando ciência da importância e potencial em usar tecnologias e serviços baseados em satélites. Há uma demanda de usuários muito forte. Estamos vendo mais e mais demanda de departamentos governamentais, então temos visto demandas potenciais da alfândega, departamentos policiais e outras instituições que querem suas redes duplicadas, por exemplo."

Arsat-4
"Nós não pensaremos sobre o comissionamento do Arsat-4 até que o Arsat-1 tenha sido lançado. Somos entrantes no mercado, então não desejamos ir muito rápido. Esperamos que a demanda por capacidade cresça. A Argentina é um grande país com áreas como a Patagônia, onde a densidade populacional é muito baixa, e onde há pequeno interesse do setor privado em [instalar] redes terrestres. Nós achamos que há uma oportunidade gigantesca na oferta de serviços de satélites. E esperamos crescer nessa área."

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