quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Vestindo a gravidade

Traje que imita efeito gravitacional no corpo humano pode diminuir problemas associados à falta de gravidade no espaço


(Ciência Hoje das Crianças) Quem já sonhou em ser astronauta? Imagine poder viajar pelo espaço e viver flutuando por aí. Mas nem sempre essa experiência se resume a divertidas cambalhotas pelo ar. Ficar exposto por um longo período à ausência da gravidade ou à microgravidade – quando essa força é muito reduzida – pode causar prejuízos ao corpo humano.

Pensando nisso, cientistas de muitas partes do mundo estudam alternativas para resolver o problema. Um grupo do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, parece ter chegado a uma solução: um traje que simula o efeito da gravidade no corpo do astronauta.

A pedido da Agência Espacial Europeia (ESA), o traje começou a ser testado na Universidade King’s College de Londres, na Inglaterra. E há também testes por aqui: numa parceria com o Centro de Microgravidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MicroG – PUCRS), ele também está sendo avaliado no Brasil!

A nova roupa espacial é feita de um material elástico com fibras entrelaçadas que comprimem a pele e os músculos, simulando as forças e a pressão exercida pela da gravidade. Segundo a médica espacial Thais Russomano, que coordenou os testes feitos no Brasil, a falta da gravidade no espaço obriga o corpo humano a funcionar de um jeito diferente ao que está acostumado.

“Imagine que, se os seres humanos fossem bonecos de massinha, a gravidade seria aquilo que nos moldaria, ela exerce uma pressão constante sobre nosso corpo, nossa pele e nossos músculos”, explica a pesquisadora do MicroG – PUCRS. “Ou seja, estar sem gravidade altera nosso funcionamento orgânico”.

O corpo e a ausência da gravidade
Uma das grandes vantagens que o traje pode trazer é ajudar a resolver uma curiosa situação que ocorre no espaço: quando estão por lá, os astronautas podem crescer vários centímetros. Parece legal, mas não é: “Sem o efeito da gravidade da Terra, que achata as vértebras da coluna, elas se espaçam mais e a pessoa cresce”, diz o fisiologista David Green, principal responsável pelos estudos da ESA na universidade britânica. “Isso causa dor nas costas e nós esperamos que seja diminuída com o traje”.

Os testes avaliarão se a roupa também poderá ajudar a resolver outros problemas associados a viagens espaciais, como o enfraquecimento de músculos e ossos. Hoje, a única forma de diminuir esses efeitos é praticar exercícios no espaço, o que envolve levar equipamentos grandes – um grande inconveniente, considerando que cada espacinho a bordo das naves é valioso.

O traje, por sua vez, é leve e portátil, além de, segundo os testes iniciais, ser confortável. “Ainda falta, no entanto, verificar se longos períodos de uso não serão prejudiciais ao astronauta, por exemplo”, completa David. Será que ele vai ser aprovado?

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