quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Processador permitirá fazer compras no espaço

Nova tecnologia de transmissão de dados será testada na estação espacial




(Época Negócios) A conquista do espaço não se limita a fazer o homem pisar na Lua: pode abrir um amplo campo de experimentos de inovação para uso em nosso cotidiano aqui mesmo. Em uma órbita a 350 quilômetros da Terra, navega a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), onde também funciona uma divisão do Laboratório Nacional Americano. É lá que serão testados vários projetos, entre eles um Multiprocessador Seguro (DM, na sigla em inglês) que facilita a carga de transmissão de dados (payload, no termo técnico). Os resultados desse experimento podem levar ao desenvolvimento de sensores melhores e aprimorar comunicações entre máquinas – a chamada “internet das coisas”.

Desenvolvido por pesquisadores da Morehead State University, do Kentucky, o DM em teste é um equipamento pequeno, de baixo consumo de energia, que pode ser utilizado em diversas aplicações comerciais, sensoriamento remoto e até se conectar com máquinas no espaço. O projeto visa aumentar de 10 a 100 vezes a capacidade de transmissão de dados, inclusive em ambientes sob radiação espacial natural (como é o caso da ISS), fazendo-os chegar mais rapidamente a seu destino. Embora possa ser adotado em missões da NASA se bem sucedido, esse multiprocessador também pode ter inúmeras aplicações na comunicação entre máquinas inteligentes graças à sua capacidade de alcance: um astronauta no espaço poderá utilizá-lo, por exemplo, para fazer uma compra na Terra.

O laboratório instalado na ISS é administrado pelo Centro para o Avanço da Ciência no Espaço (CASIS, na sigla em inglês), que aprovou outros cinco projetos também inovadores para serem desenvolvidos em órbita da Terra. São eles:

Veículo de Retorno Terrestre (VRT) – Projetado pela empresa Intuitive Machines, de Houston, esse veículo atende a necessidades de transporte de pequenas cargas da ISS. Com cerca de 30 litros de capacidade de carga, esta tecnologia vai permitir uma maior utilização da ISS como um laboratório em órbita e incentivará a comercialização de projetos no espaço para aplicações na Terra. Os pesquisadores na ISS poderão enviar amostras e materiais para a Terra com muito mais rapidez e frequência – atualmente esse fluxo se realiza apenas duas vezes ao ano e requer um detalhado planejamento. Essa agilidade tornará as pesquisas científicas muito mais confiáveis, já que as amostras poderão chegar no mesmo dia a seu laboratório em terra. O VRT deve realizar seu primeiro voo a partir da ISS em 2016.

Nanossatélite – A NovaWurks, Inc., de Los Alamitos, Califórnia, desenvolveu um satélite hiper-integrado chamado HISat que fornece a funcionalidade completa de um satélite, mas em escala de nanossatélite. Este projeto irá permitir a montagem em órbita de equipamentos de Pesquisa & Desenvolvimento a custos substancialmente menore, entre outras aplicações. O HISat tem o formato de uma caixa, de 20cm por 20 cm, pesando seis quilos, mas abriga todos os componentes de uma nave espacial, incluindo propulsão, força, comunicações, processamento de dados e armazenamento de informações.



Medidor de tempestades – A Visidyne, Inc., de Massachusetts, testará uma nova tecnologia que permitirá a avaliar o potencial destrutivo de furacões e ciclones tropicais a partir da observação a bordo da ISS. O fato de se localizar no espaço facilita o trabalho de sensoreamento e análise de dados metereológicos. Atualmente, boa parte dos trabalhos de monitoramento de ameaças de furacões ainda é feita por aviões e, muitas vezes, a categoria deste fenômeno é subestimada por falta de dados mais precisos. Já a tecnologia a ser testada na ISS avaliará a força potencial das tempestades baseada em alguns fatores, como força dos ventos, aparência, temperatura e intensidade de movimento de nuvens. Esta plataforma despertará grande interesse para regiões costeiras de alto risco de ameaças de furacões ou ciclones, por fornecer alertas antecipados

Tecido antifogo – Desenvolvido pela Milliken & Company, da Carolina do Sul, o tecido a ser testado na ISS retarda ou mesmo impede a propagação de chamas, protegendo assim quem usá-lo, seja em atividades industriais ou militares. A empresa já desenvolve uma linha variada de tecidos, processados sem a utilização de amônia e compostos de materiais que dificultam a propagação das chamas. O protótipo do novo tecido antifogo terá seu comportamento testado em ambiente de microgravidade – só possível em um laboratório em órbita – para aperfeiçoar suas tecnologias. Um dos objetivos é obter um tecido antifogo mais leve e confortável, graças a novas misturas de materiais. A demanda é grande: por lei, somente nos Estados Unidos mais de 1 milhão de trabalhadores estão obrigados a usar essas vestimentas por razões de segurança. Além das roupas, a empresa também desenvolve também colchões antifogo para evitar acidentes com fumantes distraídos.

Inibidor de Corrosão – A empresa A-76 Technologies, de Houston, realizará experimentos com uma linha de novos inibidores de corrosão de metais e lubrificantes. A exposição ao ambiente espacial inóspito de metais revestidos com produtos anticorrosivos testará seu desempenho sob condições extremas, que aceleram a degradação dos materiais. Esses testes serão realizados a partir da NanoRacks, uma plataforma externa da ISS que opera o único laboratório comercial espacial. Como no caso da roupa antifogo, a demanda por inibidores de corrosão também é grande: os custos diretos e indiretos causados pela corrosão na indústria chegam a US$ 127 bilhões, apenas nos Estados Unidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário