quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Caminho Deles e o Nosso


(Retrato do Brasil/Brazilian Space) A ILUSTRAÇÃO DE capa desta edição de Retrato do Brasil foi inspirada na imagem acima, de astronautas chineses que viajaram em órbita terrestre. Serve como uma ironia, para lembrar o fato de o Brasil ter assinado com os chineses um compromisso para a construção conjunta de satélites já no governo do presidente José Sarney, nos anos 1980, e até hoje, perto do final do mandato da presidente Dilma Rousseff, enquanto a China voou e se tornou uma das três potências espaciais, ao lado da Rússia e dos EUA, os brasileiros como que se arrastaram pelo chão, de dificuldade em dificuldade.

O programa sino-brasileiro para o desenvolvimento e construção de satélites de pesquisa terrestre – CBERS, na sigla em inglês –, assinado em Pequim pelo primeiro governo brasileiro depois da ditadura militar (1964–1985), concretizou, no campo científico e tecnológico, uma mudança política, iniciada em 1974, quando o governo do general Ernesto Geisel restabeleceu relações diplomáticas com a China. A relação com regimes liderados pelos comunistas tinha sido um dos pretextos para o golpe militar de 1964, que derrubou João Goulart. O depois presidente brasileiro estava na China, como vice-presidente, em 1961, quando o presidente Jânio Quadros renunciou. Os militares tentaram, na liderança das forças anticomunistas do País, impedir a posse de Goulart como presidente. Quando, afinal, conseguiram derrubá-lo, em 1964, nove diplomatas chineses que já viajavam pelo Brasil como parte do processo de restabelecimento de relações foram presos e condenados à pena de dez anos por suposta espionagem e, pouco depois, expulsos do País.

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