segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Brasil vai lançar nanossatélite científico de baixo custo



(Folha) Depois da perda do multimilionário satélite CBERS-3, feito em parceria com a China, o Brasil se prepara para lançar um novo artefato espacial, dessa vez com custo inferior a R$ 800 mil. É o NanoSatC-Br1.

Desenvolvido pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o nanossatélite será lançado por um foguete russo DNPER, entre maio e junho.


Trata-se de uma nova moda na exploração espacial, possibilitada pela crescente miniaturização de componentes. Agora já se pode construir um satélite de baixo custo, com massa abaixo de 10 kg, com instrumentos capazes de produzir medições úteis.


É a segunda tentativa brasileira de produzir um artefato assim, e a primeira que adota o formato de cubesat _um satélite em forma aproximadamente cúbica, com 10 cm de aresta. É praticamente um "cubo mágico" espacial.


O primeiro nanossatélite brasileiro, Unosat-1, foi destruído no acidente com o lançador brasileiro VLS-1, que matou 21 em Alcântara (Maranhão), em 2003.


O NanoSatC-Br1 carrega um sensor destinado a estudar o campo magnético terrestre e sua interação com a radiação proveniente do Sol e de outras estrelas.

Trata-se de uma pesquisa de ponta, sobretudo para o estudo de um fenômeno conhecido como Anomalia Magnética do Atlântico Sul. Nessa região, bem na região costeira do Brasil, parece haver uma espécie de falha na magnetosfera terrestre que permite que a radiação espacial chegue mais perto da superfície.


O que chama a atenção no projeto é o baixo custo associado, para obtenção de dados importantes. "É uma ninharia mesmo, principalmente levando-se em conta que é uma operação completa: desenvolvimento, lançamento e operação com estação própria e dedicada, se desejado", afirma Otávio Durão, engenheiro que coordena o projeto na sede do Inpe, em São José dos Campos (SP).


O nanossatélite também representa um significativo avanço tecnológico nacional. "Além de obter dados da anomalia magnética do Atlântico Sul há um interesse mundial nisso, vamos testar no espaço os dois primeiros circuitos integrados projetados no Brasil para uso espacial", diz Durão.


As medições serão feitas pelo cubesat a partir de uma órbita baixa de 600 km de altitude, sobrevoando os polos terrestres. Isso significa que, ao longo do tempo, o satélite irá sobrevoar todos os pontos do globo.


FUTURO

Os cubesats podem apresentar um caminho viável para missões mais audaciosas e, ao mesmo tempo, mais baratas.

Um segundo nanossatélite brasileiro, NanoSatC-Br2, já está sendo desenvolvido pelo mesmo grupo, com o objetivo de ser lançado em 2015. Pende, naturalmente, pela disponibilidade de recursos para concluir a carga útil e bancar o lançamento.


E pode-se pensar de forma cada vez mais ousada. Durão faz uma estimativa grosseira de que, por cerca de US$ 10 milhões, talvez fosse possível lançar e operar um cubesat destinado a estudar a Lua.


Por ora, contudo, a equipe está focada no NanoSatC-Br1. "Se tudo vai funcionar a contento não sabemos, mas que abre uma porta gigantesca, isso abre", diz o engenheiro do Inpe.
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Matéria com infográfico aqui

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