segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O Sul na vanguarda da exploração espacial

Uma Iniciativa conjunta entre o poder público, universidades e empresas de tecnologia dá origem a um polo espacial na região. O primeiro fruto dessa iniciativa é um microssatélite de aplicação militar


(Amanhã) A região sul entrou de vez na corrida espacial. Não mais aquela dos tempos de Guerra Fria, dos foguetes zarpando na vertical, rumo à Lua. Agora, as estrelas desenham oportunidades de negócios e inovação. O Polo Espacial Gaúcho é uma iniciativa do governo estadual em convênio com empresas de tecnologia, universidades, Forças Armadas e institutos científicos, e tem como âncora a AEL Sistemas, companhia especializada no desenvolvimento de soluções de defesa. O empreendimento vem para desenvolver equipamentos orbitais, veículos aéreos não tripulados e aparelhagens remotas, além de projetos armamentistas e de guarnição.

A estreia do programa se deu no mês de outubro, com a apresentação oficial da maquete do MMM-1, o primeiro microssatélite brasileiro aplicado a demandas militares. Com custo estimado em R$ 43 milhões, o protótipo foi pré-selecionado no edital do Plano Inova Aerodefesa, linha de fomento aberta pela Agência Brasileira de Inovação (Finep) em parceria com o BNDES, Ministério da Defesa e Agência Espacial Brasileira (AEB).

O início da implementação do Polo Espacial do Rio Grande do Sul ocorreu em maio de 2013, com a assinatura de um protocolo entre o governo gaúcho e a AEL Sistemas. Surgida de uma unidade de manutenção de aviões, a AEL foi fundada em 1983 e se destacou por fornecer produtos eletrônicos para a Embraer. Sua expertise em aviônica foi aplicada em modelos de ponta utilizados pelas Forças Armadas, como o turboélice Super Tucano, a nave leve de ataque e treinamento mais moderna do mercado. Em 2001, a fabricante teve 75% de seu capital adquirido pela israelense Elbit, uma das principais marcas do segmento no mundo. Recentemente, inaugurou um Centro de Desenvolvimento e Industrialização com 7,5 mil metros quadrados em Porto Alegre. A estrutura será um dos pontos de apoio ao laboratório espacial gaúcho.

A montagem do núcleo de incubação está relacionada à Estratégia Nacional de Defesa (END), promulgada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008. A modernização do aparato militar nacional está no cerne dessa política. O setor aeroespacial foi indicado como um dos pilares do plano de reaparelhamento, através do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (Pese). “Esse foi um dos motores que nos impulsionaram à criação do polo. Se o país quiser manter sua posição de destaque na economia mundial, precisará investir nessa área”, alerta Vitor Neves, vice-presidente de operações da AEL, tomando como exemplo a Índia, onde as necessidades militares estimularam avanços na tecnologia espacial.

O MMM-1 – sigla para Microssatélite Militar Multimissão – terá dimensões semelhantes às de uma caixa de sapatos e pesará menos de 10 quilos. O lançamento está previsto para 2015, na base área de Alcântara-MA. Cerca de 50 profissionais serão envolvidos na confecção do modelo inicial, que ainda apresentará algumas limitações de funcionalidade, mas servirá como referência para futuras atualizações. A perspectiva da AEL Sistemas é, futuramente, disputar uma fatia do mercado internacional. “O potencial do segmento é enorme. Os Estados Unidos estão utilizando cada vez mais microssatélites para observação e controle. Embora ainda não seja um polo tecnológico como São Paulo, o Rio Grande do Sul tem na sua mão de obra qualificada uma grande vantagem”, exalta Neves.

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