segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Microssatélites do Japão ampliam corrida para o Ártico

Startups estão lançando discretamente satélites do tamanho de um micro-ondas que visam satisfazer desejos muito mais terrestres


(Bloomberg/Exame) Enquanto os pioneiros espaciais emergentes da China e da Índia correm para chegar à Lua e a Marte, as startups do setor privado estão lançando discretamente satélites do tamanho de um micro-ondas que visam satisfazer desejos muito mais terrestres.

Em novembro, a Axelspace lançou um microssatélite de Yasny, Rússia, que, de acordo com a empresa com sede em Tóquio, ajudará os navios a navegarem entre icebergs no Ártico. A Skybox Imaging, com sede em Mountain View, Califórnia, está planejando uma constelação de 24 satélites orbitais para oferecer vídeos em alta definição de coisas como o litoral somaliano e o trânsito em Las Vegas.

À medida que os governos se voltam a investidores privados para preencher lacunas em seus programas, que consomem rapidamente os orçamentos, a corrida espacial está se expandindo de sondas de US$ 500 milhões do tamanho de um micro-ônibus usadas para transmissões e espionagem a máquinas construídas com peças comuns. No Japão, os microssatélites estão colocando serviços de detecção remota ao alcance de cada vez mais empresas ao mesmo tempo que o primeiro-ministro Shinzo Abe promove o desenvolvimento espacial para aproveitar a onda global de comercialização.

“A revolução dos microssatélites está transformando os recursos espaciais em uma commodity”, disse Brian Weeden, conselheiro técnico da Secure World Foundation, um grupo defensor do desenvolvimento espacial sustentável com sede em Broomfield, Colorado. “Dentro de pouco pode ser possível que pequenas empresas, ONGs ou até mesmo indivíduos tenham acesso a recursos espaciais”.

As empresas dos EUA têm liderado o impulso comercial após a decisão de aposentar a frota de ônibus espaciais em 2011. No ano passado, a Space Exploration Technologies de Elon Musk, conhecida como SpaceX, pousou uma nave comercial na Estação Espacial Internacional. No mês passado, a empresa ultrapassou a Blue Origin LLC de outro bilionário, Jeff Bezos, ao alugar uma plataforma de lançamento no desativado Kennedy Space Center.

As últimas fronteiras
A corrida espacial na Ásia está acelerando porque os países concorrem pelo prestígio e por tecnologias que oferecem benefícios militares e comerciais. Em novembro, a Índia lançou um foguete com um satélite destinado a entrar em órbita ao redor de Marte, uma proeza conseguida somente pelos EUA, pela Europa e pela Rússia. A China alunissou seu primeiro veículo não tripulado na Lua no mês passado.

O primeiro microssatélite comercial da Axelspace custou cerca de 200 milhões de ienes (US$ 1,9 milhão), o equivalente a um helicóptero comercial, diz a empresa.

A Axelspace está concorrendo com outras startups como a Skybox, que lançou seu primeiro microssatélite em novembro e planeja trabalhar com empresas que analisarão os dados que ela compila e depois fornecerão esses serviços às empresas.

A Skybox, cujos satélites podem monitorar o número de carros em um estacionamento ou medir o petróleo em tanques de armazenagem, levantou US$ 91 milhões em capital de risco. As sondas podem identificar e quantificar objetos com um comprimento mínimo de um metro, disse o diretor de produtos, Dan Berkenstock.

“Atualmente está acontecendo uma mudança no setor espacial, que está sendo impulsionada por menores custos de lançamento e por maiores recursos de eletrônica comercial no espaço”, disse Berkenstock.

Gastos no espaço
Os gastos no espaço aumentaram quase 7 por cento para o recorde de US$ 304,31 bilhões em 2012, segundo um relatório da Space Foundation, uma organização sem fins de lucro com sede em Colorado Springs, Colorado. Houve 78 tentativas de lançamentos orbitais em 2012 e 81 no ano passado, conforme o Relatório de Lançamentos Espaciais.

A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, supervisionada pelo governo, orientou a indústria espacial até recentemente, disse Kazuhiko Muto, diretor no Ministério de Economia, Comércio e Indústria.

“Agora há uma transferência para o setor privado, estamos entrando em uma etapa nova”, disse ele.

A demanda de serviços de imagens da Terra poderia acabar sendo impulsionada pelos consumidores, disse Saadia Pekkanen, professora da Escola Jackson de Estudos Internacionais da Universidade de Washington em Seattle e coautora de “In Defense of Japan: From the Market to the Military in Space Policy.” (em tradução livre, “Em defesa do Japão: do Mercado aos Militares na Política Espacial”).

“A questão é quem terá acesso a essa informação e o que pode ser feito com ela”, disse Pekkanen.

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