terça-feira, 28 de maio de 2013

Treinadora de astronautas na NASA sonha saltar para o espaço



(Ciência 2.0) Aos 33 anos, Mamta Patel Nagaraja é treinadora de astronautas do U. S. Space Shutlle e da Estação Espacial Internacional (EEI) e trabalha no Centro de Controlo de Missões da NASA - National Aeronautics and Space Administration. Mas esta jovem engenheira espacial quer ir mais longe. Ela pode mesmo ser uma das próximas mulheres a conquistar o espaço. Até agora, foram escassas dezenas. O sonho está perto de se tornar realidade, acredita, como soubemos numa entrevista que concedeu ao Ciência 2.0, à margem de uma conferência organizada pela Embaixada dos Estados Unidos da América e pela Universidade do Porto, onde partilhou a sua experiência e falou sobre os efeitos biomédicos da exploração espacial.

Como descreveria o seu trabalho na NASA?
Eu descreveria como divertido. As pessoas são maravilhosas. É um desafio do ponto de vista técnico – é provavelmente a minha parte preferida. Aprecio a interação entre as pessoas, trabalhar com astronautas e trabalhar com a minha equipa, assegurando que eles voarão de forma segura.

O que faz exactamente?
Eu treino astronautas para aprenderem como operar o sistema de comunicações da International Space Station (ISS). Quando já os treinei e estão no espaço, trabalho no Controlo da Missão (Mission Control) e, se alguma coisa avaria no sistema de comunicações, então eu conserto, daqui, da Terra, mesmo que seja no espaço.

“O meu maior sonho é ser astronauta”

É treinadora de astronauta, mas nunca esteve no espaço? Esse é o seu maior sonho, neste momento?
Sim, é o meu maior sonho! Fui a uma entrevista para o lugar, este ano. É muito difícil chegar a uma entrevista. Cerca de 6 mil pessoas tentaram e houve 120 entrevistas. Por isso, estou à espera.

É mulher e muito nova… É normal, na NASA?
Sou jovem, definitivamente nova, quando comparada com outras, mas, desde que um astronauta é escolhido até ao momento em que voa, passam uns dez anos. Isso significa que, se eu for selecionada, estarei na casa dos 40 anos quando voar. E nós sabemos que nós, humanos, quando chegamos aos cinquentas e aos sessentas, temos mais problemas de saúde. Por isso, normalmente os astronautas estão algures nos quarentas.

O que é preciso para ser uma boa astronauta?
Tem de se ter um grau técnico em Ciência, Engenharia, Matemática ou numa profissão médica e limites para a pressão arterial e visão, além de sentido de aventura.

“Fascina-me o sentido de aventura, o desconhecido”

Quando decidiu ser astronauta?
A minha família diz que eu decidi ser astronauta quando tinha 3 anos de idade, mas eu acho que estava apenas a copiar a minha irmã. Ela disse “eu quero ser astronauta”. Por isso eu disse que também queria ser. A Ciência foi sempre algo que me seguiu para todo o lado, algo que sempre gostei de fazer. Ainda hoje adoro.

O que a fascina no espaço?
O sentido de aventura, o desconhecido. Há várias questões básicas que sempre me interessaram e eu fazia cada vez mais pesquisas. Mesmo antes da Internet, eu procurava nas enciclopédias, fazia perguntas aos meus professores de Física e a outras pessoas.

“Mulheres têm outra perspetiva”

A primeira mulher no espaço foi a russa Valentina Tereshkova, em 1963. Desde então, quantas mulheres já lhe seguiram os passos?
Tivemos cerca de 45 mulheres no espaço. É um número muito pequeno, se compararmos com o número de homens (cerca de 3 mil). Mas nós estamos a chegar lá. Temos tido algumas melhorias, mas ainda temos algum trabalho a fazer.

No que consiste o projeto Women@NASA, uma iniciativa da NASA em colaboração com a Casa Branca?
Nos Estados Unidos da América, tal como em muitos países ocidentais, temos uma baixa representatividade das mulheres na Ciência. Há cerca de 20% de mulheres nestas áreas técnicas, embora as mulheres sejam 50 a 55% da população. O Women@NASA conta histórias de mulheres que tiveram sucesso nestas áreas. Estas mulheres funcionam como modelos. Elas vão às salas de aulas das escolas americanas para que as crianças possam ver que as pessoas que trabalham na NASA não são o estereótipo que imaginam. Também temos um programa designado NASA G.I.R.L.S. (Giving Initiative and Relevance to Learning Science). Usamos tecnologia como o Google Chat e o Skype e colocamos mulheres da NASA em contacto virtualmente com mulheres de todo o país – estamos a pensar torna-lo internacional, brevemente. Penso que podemos usar esta tecnologia para levar mentores para as salas de aula e lares de jovens estudantes.

Porquê é tão importante ter mulheres na Ciência?
Numa equipa, é bom ter diferentes perspetivas. Torna as soluções mais inovadoras e sólidas. Quando colocamos homens e mulheres juntos, temos uma parceria forte porque abordamos as questões de forma diferente do que se tivéssemos só homens ou só mulheres.

“Espero ser uma inspiração para os jovens”

Tem feito muitas conferências, como esta, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. O facto de os homens terem feito as perguntas em primeiro lugar significa que estão mais interessados em Ciência do que as mulheres?
É um facto social. Geralmente, os homens questionam primeiro, mas, se derem alguns segundos às mulheres, verão as suas mãos levantarem-se. Isso acontece nas salas de aula também. Eu lembro-me que, quando era pequena, a minha mão era a segunda ou a terceira, mas nunca a primeira a levantar-se. Por isso, penso que temos de dar às mulheres um tempo extra e elas levantarão as mãos e farão questões.

O que espera quando partilha a sua experiência com jovens estudantes?
Uma jovem que estava a falar comigo há pouco contou-me que pensava ir para Ciências porque eu expliquei as coisas de uma forma que ela conseguiu entender. Essa é a resposta de sonho. E aconteceu. Na maior parte das vezes, apenas conto a minha história e espero inspirá-los. Quando tinha a idade deles, houve pessoas que me contaram histórias e isso fez com que eu ficasse excitada pela Ciência. Penso que, para todos os países, ter pessoas nas áreas da Ciência e da Tecnologia é a via para o crescimento económico.

Mamta Patel Nagaraja
• Residência: Washington, DC
• Empresa: NASA
• Pós-graduação (Ph.D): Georgia Tech/Emory University, Atlanta
• Pós-graduação: Georgia Tech - Engenharia mecânica
• Faculdade: Texas A&M - Turma de 2002 • Aerospace Engineering • College Station, Texas
• Naturalidade: San Angelo, Texas
• Interesses: Fotografia, escrita, leitura, redes sociais (blogs), dança, desportos, culinária
• Twitter: https://twitter.com/BeyondTheCurls
• Website: http://www.simplicitybymamta.com/
• Blog: http://www.beyondthecurls.blogspot.pt/
• Facebook: https://www.facebook.com/mamta02?fref=ts

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