quarta-feira, 24 de abril de 2013

Estudante da UnB ganha promoção global e embarca em voo comercial turístico

Pedro Nehme, de 21 anos, soube de concurso em um anúncio do Youtube




(O Globo) Um anúncio publicitário antes de um vídeo do YouTube chamou a atenção de Pedro Henrique Nehme, de 21 anos, estudante de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB). A campanha “Space Flight”, lançada este mês pela companhia aérea KLM, convidava os internautas a arriscar quanto conseguiria subir um balão de grande altitude lançado no Deserto de Nevada, nos Estados Unidos. Nehme deu o palpite mais próximo ao resultado oficial e, assim, será o segundo brasileiro no espaço — o primeiro foi o tenente-coronel Marcos Pontes, que participou de uma missão para a Estação Espacial Internacional em 2006. Ainda não há uma data definida para a decolagem de Pedro, mas ela ocorreria a partir do início do ano que vem.

O balão, como informou a “Space Flight” em seu site, explodiria e voltaria para a Terra com um paraquedas. Além de considerar em que altura isso aconteceria, era necessário clicar, em um mapa dividido em minúsculos quadrados, onde esta detonação ocorreria, já que o artefato não subiria em uma linha reta.

Vaga no voo custaria US$ 95 mil
Os promotores da “Space Flight” não divulgaram informações fundamentais para medir que altitude o artefato poderia alcançar, como o seu peso e a quantidade de hélio. O balão atingiu 31 quilômetros de altitude. Considerando também o outro fator — o ponto exato no espaço — Pedro errou seu “chute” por 14,7 quilômetros.

Embora tenha dado apenas um palpite no escuro, Nehme é mais do que um sortudo. Há dois anos o jovem está envolvido com pesquisas aeroespaciais. Já aluno da UnB, resolveu fazer um curso de inverno no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São Paulo. Depois, o programa Ciência Sem Fronteiras o mandou para um estágio no Goddard Space Flight Center, da Nasa. Em janeiro, já de volta ao Brasil, ele foi contratado como estagiário da Agência Espacial Brasileira. Agora, acumula este trabalho, o curso de engenharia e a idealização de uma linha de tecnologia de microssatélites, também na universidade.

— Nunca havia visto uma promoção como esta. Meus amigos falam que conhecem alguém que vai para o espaço — brincou o estudante, que, fora os EUA, nunca viajou para o exterior. — Tomara que consiga mostrar que é necessário mais investimento neste setor no Brasil.

O estudante ressaltou que o país ainda não destina recursos suficientes para ter sua própria missão espacial, como fazem os EUA desde a década de 50. Nehme comemorou ainda mais o resultado do concurso porque sua vitória o torna o primeiro brasileiro civil a ir ao espaço. O compatriota Marcos Pontes, pioneiro a deixar o planeta, é militar. Como astronauta, ele ficou por mais de uma semana na Estação Espacial Internacional.

Nehme fará um voo mais simples, chamado suborbital. Ou seja, ele não entra em órbita da Terra. Ainda assim, chegará ao espaço. A linha (imaginária) de Karman, que separa a atmosfera terrestre do espaço, fica a 100 quilômetros de altitude. O estudante ultrapassará essa fronteira em três quilômetros, na nave Lynch, desenvolvida pela Space Expedition Corporation (SXC). A decolagem será em Curaçao, no Caribe.

Astrônoma da Agência Espacial Americana, a brasileira Duilia de Mello é coordenadora do Programa Ciência sem Fronteiras na Universidade Católica dos EUA e foi uma das responsáveis pela seleção de estagiários da Nasa (entre eles Nehme), no ano passado.

— Pedro foi um dos escolhidos porque é bom aluno e muito interessado em ciência espacial. Deu orgulho acompanhar seu desempenho tanto da universidade quanto no estágio — afirmou a especialista.

O voo suborbital de Pedro duraria aproximadamente uma hora. Se fosse pagar por esta experiência, teria que desembolsar US$ 95 mil. O brasileiro dividirá o pequeno espaço da cabine com apenas um piloto.

Apesar de sete turistas já terem ido ao espaço em missões da Roscosmos, a agência espacial da Rússia, hoje quem compete pelo domínio destas viagens são empresas.

A SXC e a Virgin Galactic competem para ver quem será a primeira empresa privada a lançar um voo comercial ao espaço. Resta saber se o brasileiro será o protagonista dessa façanha.

Na semana passada, Richard Branson, o bilionário dono da Virgin, testou a nave SpaceShipTwo sobre o Deserto de Mojave, na Califórnia. O módulo é um dos seis projetos da empresa, em um investimento de US$ 450 milhões. Cada passagem custaria cerca de US$ 200 mil. Apesar do preço salgado, mais de 550 pessoas já fizeram um depósito para garantir a vaga.
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