quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lançamentos por Coreias e Irã evidenciam corrida espacial na Ásia

Equipe de astronautas chineses em treinamento no Centro de Lançamentos de Satélite Jiuquan, na província chinesa de Gansu AP/ 23-08-2008

(O Globo/JC)  O teste de uma bomba atômica feito pela Coreia do Norte ontem, apenas dois meses depois do bem-sucedido lançamento de um satélite, pode ser visto como mais um movimento de uma acirrada corrida espacial alimentada por interesses militares que agita a Ásia. Nas últimas semanas, a Coreia do Sul também colocou um satélite em órbita, e o Irã informou ter mandado um macaco para o espaço, um novo passo rumo a uma missão tripulada planejada para os anos 2020. Enquanto isso, a China mantém planos ambiciosos, que incluem a construção de uma estação espacial própria - o país não participa do consórcio que construiu e opera a Estação Espacial Internacional (ISS) - e uma viagem dos seus "taikonautas" à Lua na mesma década, quando a Índia também pretende ter seu primeiro astronauta.

A disputa regional na Ásia lembra os tempos da Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a extinta União Soviética brigavam pela supremacia na conquista espacial. Afinal, construir um foguete capaz de levar um satélite para o espaço não é muito diferente de fabricar um míssil balístico intercontinental que carregue uma ogiva nuclear para o outro lado do mundo. Potências nucleares reconhecidas na região, China e Índia recentemente também conduziram testes de defesa antimísseis, que empregam tecnologias da indústria aeroespacial similares às necessárias para atacar e destruir satélites inimigos.

- Toda essa tecnologia apresenta muita simbiose entre aplicações civis e militares - destacou Joan Johnson-Freese, professora de questões de segurança nacional da Escola de Guerra Naval dos EUA, em entrevista ao site Space.com.

Para Joan, a aceleração dos programas espaciais de vários países asiáticos é uma resposta aos recentes sucessos chineses. Em 2003, o país se tornou o terceiro do mundo, depois dos EUA e da Rússia (herdeira do programa soviético), a mandar pessoas para o espaço e trazê-las de volta com segurança. De lá para cá, a China avançou a passos largos. Com a aposentadoria dos ônibus espaciais da Nasa, em 2011 ela ultrapassou pela primeira vez os americanos no número de lançamentos bem-sucedidos. No ano passado, realizou uma delicada operação de acoplagem de uma nave com três taikonautas a um módulo colocado em órbita anteriormente, um teste para construção de sua própria estação permanente.

- Eles acham que não podem deixar a China se distanciar tanto deles em termos de tecnologia. E a conotação trazida por voos tripulados é a de sofisticação tecnológica - avaliou Joan, que deu destaque para a Índia e acrescentou que mesmo que não consigam alcançar os chineses, indianos e iranianos devem se articular em torno de metas espaciais ambiciosas, nem que sejam de longo prazo ou difícil realização. - Eles sabem que não podem alcançar a China, mas querem ser vistos como participantes ativos (no setor).

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