terça-feira, 14 de agosto de 2012

País quer ultrapassar Rússia e EUA no programa espacial

(Angop) A China está "muito distante" da Rússia e dos Estados Unidos relativamente à tecnologia espacial, mas poderá ultrapassar as duas potências no futuro, defendeu hoje, em Macau, o vice-comandante do programa espacial tripulado chinês, Niu Hongguang.

"Actualmente, ainda estamos numa fase de progresso. Vamos fazer todo o possível para acelerar o desenvolvimento. Não é seguir os modelos, temos que ser inovadores. Creio que, no futuro, podemos ultrapassar estes países", afirmou, admitindo dificuldades, dado que décadas separam a China nomeadamente dos EUA, que "já estão na fase de chegar a Marte".

Niu Hongguang respondia a uma das perguntas levantadas pela plateia durante uma palestra na Torre de Macau, parte do programa da visita de três dias de uma comitiva, de 42 elementos, da missão de acoplagem da cápsula tripulada "Shenzhou 9" ao módulo "Tiangong 1".

Cerca de 800 pessoas acordaram cedo para ouvir as experiências de Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, o trio de astronautas que, a 24 de Junho, concluiu com êxito a acoplagem manual da cápsula tripulada "Shenzhou 9" ao módulo "Tiangong" 1.

"Senti-me muito reduzido como ser humano no Espaço, mas, por outro lado, sinto o máximo orgulho por ser chinês", afirmou Jing Haipeng, de visita ao território pela terceira vez.

Jing preferiu falar sobre o que viu em terra, em particular em Macau, do que da experiência no Espaço.

Liu Wang também não se estreou em Macau, pelo menos do seu ponto de vista. "Eu vi Macau do Espaço, portanto, não é a primeira vez que vejo esta cidade", brincou, lançando a euforia entre os que assistiam ao evento e que puderam ouvir conselhos do astronauta sobre a importância da estabilidade emocional para o sucesso da missão.

Mas a sensação desde a chegada foi sempre Liu Yang, a primeira "taikonauta" - designação pela qual são conhecidos os astronautas chineses desde que começaram, em 2003, a explorar o Espaço - precisamente por essa particularidade que não deixa de orgulhar a própria.

Liu Yang descreveu a "felicidade de ter conseguido participar na missão", deixando patente o orgulho que sentiu por "representar a comunidade feminina no Espaço" e mais ainda o de "ser chinesa" e lembrou que o fim de uma missão apenas representa o início de outra.

A manobra de acoplagem da "Shenzhou 9" ao "Tiangong 1" foi a primeira do tipo realizada pela China - terceiro país a levar um astronauta ao espaço - que quer mostrar estar tecnologicamente equipada para trabalhar em bases permanentes no espaço, dadas as reticências de países como os Estados Unidos.

O gigante asiático planeia instalar o primeiro laboratório no espaço até 2016 e dispor de uma estação espacial permanente no final da década, altura em que a actual Estação Espacial Internacional será desactivada.

Ao recordar a estratégia espacial definida por Pequim, o vice-chefe da delegação, Zhou Jianping, disse esperar poder cooperar com os EUA e mais com a União Europeia (UE), com vista ao desenvolvimento do programa espacial chinês.

Durante a palestra, o público foi convidado a colocar uma pergunta por escrito, tendo sido recolhidas 140. No entanto, a falta de tempo apenas permitiu que fossem feitas três.

Esta tarde, os "heróis" do Espaço voltaram a contar aventuras, desta feita para um auditório de mais de dois mil estudantes. Já à noite, são os protagonistas de um espectáculo, que permitirá rever os feitos da equipa, num evento com transmissão direta no canal chinês da Teledifusão de Macau.

A comitiva regressa a Pequim na quarta-feira, depois de percorrer alguns pontos turísticos do território, como as Ruínas de S. Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário