segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ex-engenheiro da Nasa relata desafios em missões com robôs



(Terra) Como fazer um robô executar tarefas simples em um ambiente totalmente desconhecido, aplicações práticas da robótica e transmissão de dados a distâncias inimagináveis foram alguns dos temas abordados por Mike Comberiate, engenheiro aposentado da Nasa, depois de mais de 40 anos de experiência na agência espacial. Descontraído e bem humorado, Mike chegou até mesmo a ficar de cabeça para baixo em uma demonstração no palco principal da Campus Party Recife, no início da tarde desta sexta-feira.

Mike Comberiate trabalhou em grandes projetos da Nasa, como o envio dos robôs para a superfície de Marte ou mesmo projetos mais antigos, como a sonda Voyager, que foi lançada na década de 70 e viaja o espaço sem planos de retornar à Terra. "Ao se trabalhar na Nasa não podemos pensar em erro, porque tudo é muito caro e não podemos perder."

A forma de manter os investimentos, contou Mike Comberiate para um público com cerca de cem campuseiros, é trabalhar com redundâncias em softwares e hardwares. "Nós fazemos diferentes testes de resistência e imaginamos tudo que pode acontecer, mas estamos falando a respeito de Marte e sempre pode acontecer o imprevisível", explicou.

Outro problema que teve de ser vencido foi o da comunicação com os robôs em outro planeta. Comberiate explicou complicações extras, além da distância, como a rotação dos dois planetas. "Só tínhamos alguns minutos duas vezes por dia para enviar comandos para os robôs", disse.

A forma de pedir para vários equipamentos em solo marciano (a Nasa enviou diferentes robôs para o planeta vermelho) foi utilizar uma plataforma que ele batizou de "nave-mãe", um robô gerenciador das tarefas. Esse robô-mestre ficou responsável por receber as tarefas da Terra e distribuir as missões entre os outros robôs na superfície.

A primeira missão, explicou Comberiate, é conhecer o terreno, compreender as distâncias, identificar os obstáculos para que os robôs executem tarefas simples, como capturar uma pedra e analisá-la. "Um robô tem o perfil de geólogo, outro possui um laboratório", detalhou.

Essas experiências acumuladas por Mike Comberiate agora são utilizadas em diferentes aplicações e também repassadas para grupos interessados em robótica. O engenheiro mostrou imagens, por exemplo, de um robô que é alimentado por energia solar e eólica e analisa a superfície da Groelândia, para analisar a espessura das camadas de gelo.

Uma situações mais complicada que foi resolvidas pela Nasa, contou Comberiate, foi estabelecer uma forma de comunicação com a sonda Voyager, lançada nos anos 70. A sonda, contou o engenheiro, está ultrapassando a região de Plutão, ingressando no espaço além do sistema solar. "O envio de informações levará 40 anos. Marte é um planeta próximo", disse.

A forma utilizada para receber dados tão distantes, explicou Comberiate, é utilizar um sinal incomum, uma taxa de transferência baixa e usar antenas gigantes na Terra preparadas para captar apenas uma banda de frequência específica, em uma única direção. "Elas servem como ouvidos direcionados para o espaço."

Ao encerrar a apresentação, que levou uma hora dividida entre o relato de algumas experiências e a resposta às mais diferentes perguntas, Mike Comberiate convidou os campuseiros a conhecerem mais sobre o que se faz com robôs e chamou o professor Bruno Fernandes, seu antigo colaborador e hoje do corpo docente da Universidade de Pernambuco (UPE). Bruno então apresentou outros atributos do antigo professor: faixa preta de caratê e brincalhão, capaz de ficar de ponta cabeça no palco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário