segunda-feira, 4 de junho de 2012

Saia Justa e Cobrança Marcam Posse do Novo Diretor do INPE


(O Vale / Brazilian Space) O novo diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Leonel Perondi, tomou posse ontem em cerimônia que reuniu a cúpula do programa espacial brasileiro em São José, com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e do presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), José Raimundo Coelho.

Perondi direcionou seu discurso de 45 minutos a Raupp e, em um texto de 11 páginas, apresentou as prioridades de sua gestão à frente do instituto e voltou a cobrar a necessidade de repor o quadro de colaborações do INPE.

“Cada pessoa que se aposenta leva uma bagagem de conhecimento. Se não repormos, perderemos esse conhecimento. Nossa média de idade é de 54 anos”, disse Perondi. Ele salientou que seria necessária a contratação de 200 a 300 pessoas nos próximos dois ou três anos para manter a operacionalidade do INPE.

“Marco Antonio Raupp já foi diretor do INPE e presidente da AEB. José Raimundo Coelho atuou por muitos anos no INPE. Assim, são profundos conhecedores das necessidades do programa espacial brasileiro e deste instituto”, disse o novo diretor.

Resposta - Raupp, que discursou depois de Perondi, reconheceu a necessidade de repor o quadro, mas destacou a importância de envolver a iniciativa privada neste processo.

“(A reposição é) absolutamente necessária. A situação do INPE não é uma normal, mas o governo não tem condições de arcar com tudo isto, nem a sociedade quer encher as instituições com funcionários públicos. Quando falo de empresas parceiras, essas empresas vão contratar gente e participar do programa. Temos que renovar o INPE”, disse Raupp.

Saia justa - O ministro finalizou seu discurso com uma frase que causou certa ‘saia justa’ e desconforto entre servidores presentes à cerimônia. “Perondi, tenha certeza de que (o INPE) se integrando com o DCTA, com a agência (AEB) e comigo no ministério, vocês estarão bem”, disse Raupp.

União - O presidente da AEB adotou discurso mais conciliador e destacou a necessidade da integração de todos os órgãos envolvidos no programa espacial brasileiro.“Essa ideia de subordinação (do INPE à AEB) não faz sentido para mim. Sei trabalhar em conjunto e é isso que vou fazer. Não vamos escrever mais cartas sozinhos aos nossos superiores, mas em conjunto”, disse Coelho.

Prioridades - Entre os itens citados por Perondi em sua apresentação estão o fortalecimento da indústria brasileira nos projetos espaciais, o cumprimento dos prazos para lançamentos de satélites e a manutenção dos programas desenvolvidos pelo INPE.

Reação - O SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia) considerou o discurso de Raupp muito ‘otimista’ e agendou uma reunião com Perondi para a próxima semana.

“Perondi é um cientista capacitado, mas que está numa posição em que se vê obrigado a cumprir a política proposta pelo MCTI e pela AEB. (...) O Raupp, como mentor dessa nova política, tem uma leitura muito otimista desse modelo”, disse Ivanil Barbosa, presidente do sindicato.

Meta é Satélite 100% Nacional

São José dos Campos - O Brasil planeja o lançamento de um satélite 100% nacional na próxima década, afirmou ontem o ministro Marco Antonio Raupp.

Ele planeja que o país adquira a expertise necessária para produzir os componentes com o sucesso dos programas do satélite geoestacionário, do Cyclone (em parceria com a Ucrânia) e do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélite).

“O DCTA está junto com a AEB trabalhando na possibilidade de parcerias com empresas internacionais e nacionais para ter capacidade para lançar um satélite médio. Temos vários projetos com empresas francesas, italianas e outras em estudo. Neste satélite de 2012 (geoestacionário), teremos 20%, 30% de composição nacional. No próximo (2019), será um número bem maior”, disse Raupp.

O ministro também falou sobre a necessidade de lançar entre 2012 e 2019 um satélite meteorológico.

“Esta é uma reivindicação tão antiga quanto a do satélite de telecomunicações (geoestacionário). Temos que conseguir no governo essa aprovação”, disse Raupp.

O custo estimado do satélite meteorológico é de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.

SAIBA MAIS

Perfil do Diretor
Nome: Leonel Fernando Perondi
Nascimento: 31 de março de 1958, em Caxias do Sul (RS)
Formação acadêmica: graduação em engenharia pelo ITA, mestrado em engenharia e tecnologia espaciais pelo INPE e doutorado pela Universidade de Oxford (Inglaterra).
Atuação Profissional: chegou ao INPE em 1982, atuou em diversas áreas, foi coordenador de Engenharia e Tecnologia Espacial, entre 2002 e 2005, foi gerente geral do Programa Sino-Brasileiro (CBERS), já atuou como diretor-substituto do INPE. Também foi professor universitário.

O INPE Hoje

Enfrenta falta de verbas, vários projetos atrasados, como o CBERS, e, mais recentemente, se viu envolvido em denúncias de supostas irregularidades em contratos firmados com a FUNCATE.

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