quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Turismo espacial de classe econômica estreia este ano

Primeiros passageiros estão na expectativa do início dos voos comerciais em 2012




















(The New York Times / O Globo) Antes restrito ao mundo dos multimilionários, o turismo espacial em breve será uma realidade para centenas de pessoas um pouco menos privilegiadas financeiramente, numa espécie de viagem de classe econômica até o limite da atmosfera terrestre. Entre o segundo semestre deste ano e 2013, três empresas - Virgin Galactic, XCOR e Space Adventures – esperam começar a levar passageiros a cerca de 100 quilômetros de altitude, onde poderão experimentar um pouco da gravidade zero e apreciar a vista que os astronautas profissionais têm do planeta.

Desde 2001, quando o empresário americano Dennis Tito subiu ao espaço, sete turistas pagaram até US$ 40 milhões pelo privilégio de passar uma breve temporada na Estação Espacial Internacional (ISS). Todos eles foram levados a bordo de foguetes Soyuz da Roscosmos, a agência espacial da Rússia, sendo o último o canadense Guy Laliberté, em 2009. Agora, no entanto, reservar uma viagem à fronteira do espaço é tão simples quanto planejar ir para qualquer outro destino em terra, e está muito mais barato.

No caso da Virgin Galactic, do bilionário britânico Richard Branson e que deverá ser a primeira a começar suas operações, ainda este ano, o preço da passagem é de US$ 200 mil. Em troca, os turistas serão levados para um espaçoporto no estado americano do Novo México, onde passarão por três dias de treinamentos e lazer antes de embarcarem em uma nave modelo “Space Ship 2”, agora batizada VSS Enterprise, para um voo com duração total de cerca de duas horas e meia. Carregada pelo veículo lançador “White Knight 2” (agora VMS Eve), a nave, com capacidade para seis passageiros e dois tripulantes, subirá até pouco mais de 15 mil metros de altitude, quando então vai ligar seu foguete para um passeio suborbital a até 110 quilômetros da Terra, com direito a cerca de cinco minutos de gravidade zero.

Até o momento, pelo menos 475 pessoas de 21 países, entre eles o Brasil, já depositaram um mínimo de US$ 20 mil para garantirem suas reservas nos voos da Virgin Galactic. Inicialmente, o Branson esperava que sua empresa começasse a operar comercialmente em 2007, mas problemas no desenvolvimento das naves forçaram o adiamento do projeto. Uma das turistas ansiosas pela estreia da VSS Entreprise é Catherine Culver. Ex-funcionária do controle de missões da Nasa, ela espera satisfazer um antigo sonho depois de ter recusada por quatro vezes sua inscrição no programa de treinamento de astronautas da agência espacial americana.

- Na Califórnia, seria o equivalente ao sonho de conseguir comprar sua casa própria – comenta.

Mas a Virgin Galactic não é a única empresa de turismo espacial a já contar com clientes pagantes, e nem mesmo a mais barata. Sediada na Califórnia, a XCOR informa ter mais de cem passagens reservadas, a US$ 95 mil cada, em seu pequeno avião espacial de apenas dois lugares – para o piloto e o turista – que deverá começar a voar no ano que vem. Já a Space Adventures, do estado da Virgínia, começou a aceitar reservas muito antes e tem mais de 200 interessados em pagar US$ 110 mil para embarcar na sua nave automatizada em desenvolvimento pela parceira Armadillo Aerospace. Sem piloto, ela vai levar dois passageiros por vez até o limite do espaço a partir de data ainda a ser definida.

Um dos primeiros passageiros da Space Adventures deverá ser o pesquisador britânico Madsen Pirie, um dos fundadores do Instituto Adam Smith, dedicado à defesa do livre mercado, e que efetuou sua reserva há mais de uma década. Embora desapontado com a demora para embarcar, ele afirma não estar arrependido:

- Tem sido uma história de esperanças adiadas, mas ficarei encantado quando finalmente chegar a minha vez.

Em mais um sinal de que a indústria do turismo espacial está mesmo levantando voo, a gigante dos seguros Allianz anunciou que planeja começar a oferecer seguros-viagem para os clientes da Virgin Galactic que cobririam desde cancelamentos de última hora a eventuais despesas médicas antes e depois dos passeios suborbitais. Segundo Erick Morazin, diretor de contas globais da Allianz Global Assistance, quando a ideia surgiu, a entre três e quatro anos atrás, todos diziam que “isso só podia ser uma brincadeira”. Hoje, porém, o assunto é tratado a sério e, embora nenhuma das três empresas prováveis pioneiras do turismo espacial esteja cobrando altas taxas por eventuais desistências, ele acredita que essa política não deve durar muito mais.

- Queremos estar preparados para esse acontecimento – diz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário