sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Países emergentes tomam a liderança na corrida espacial

(Terra) Depois de a nave russa Soyuz TMA-22 ter levado três tripulantes - um deles americano - até a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) na primeira quinzena do mês, agora são os Estados Unidos que se preparam para um lançamento. Neste sábado, a Nasa colocará em órbita o foguete Atlas V 541, que levará o robô Curiosity até Marte para a mais moderna missão já enviada ao planeta. Contudo, quem tem se destacado na corrida espacial não são russos ou americanos, mas os chineses, que lideram o grupo de países emergentes que estão investindo na exploração do espaço.

"É a vez dos emergentes terem uma maior participação nos programas espaciais. A China desponta como a nação que está mais engajada politicamente na conquista do espaço. A Rússia ainda é capaz de levar astronautas para o espaço, mas é muito criticada por usar uma tecnologia considerada ultrapassada. E a Nasa aposentou o programa de ônibus espacial e ainda não conseguiu substituí-lo", afirma a coordenadora do Centro de Microgravidade da PUCRS, Thais Russomano.

Para Russomano, as sucessivas crises financeiras mundiais e o surgimento de diversas guerras, que consumiram as economias dos países mais ricos, são as principais causas da nova fase da ciência espacial, algo bem distante da disputa travada por Estados Unidos e Rússia no passado.

Planos ambiciosos
Segundo a professora, a falta de tradição de certos países é superada pelo grande interesse na área. "A China está adiantada, enviando missões tripuladas ao espaço e investindo em planos ambiciosos, como o de possuir uma estação espacial própria e colonizar outros mundos. A Agência Espacial Europeia também tem seu mérito e sempre integra grandes projetos internacionais, bem como faz o Japão. Ambos, porém, ainda não despontaram como líderes nessa área do conhecimento. Não podemos esquecer a Índia, que tem um programa espacial audacioso, mas que não vejo despontando como a China", diz Russomano.

Com US$ 2 trilhões de reservas estrangeiras, a China é o principal credor da dívida pública americana. O país mandou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003, tornando-se a terceira nação do mundo a fazer isso. E mais: eles prometem o primeiro chinês na Lua entre os anos de 2020 e 2030. Já a Índia colocou uma sonda na superfície lunar em novembro de 2008, e uma segunda missão poderá ser lançada no ano que vem, com satélites para Marte também sendo considerados. Para Russomano, o momento é propício para o Brasil investir também.

"O Brasil deve aproveitar, investindo política, científica e economicamente na ciência espacial. Certamente, houve uma nova mudança no contexto internacional e o domínio da tecnologia espacial está mudando de mão. Americanos e russos não serão, nos anos por vir, os detentores da vanguarda nessa área. A China já deu sinais claros que quer uma fatia deste bolo. Cabe a nós decidirmos pelo futuro da ciência espacial brasileira", conclui.

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