(Terra) Após o fim da era dos ônibus espaciais da Nasa, a agência espacial americana, as atenções se voltaram à Rússia, já que o país é, no momento, o único com naves tripuladas em operação. E o que se viu no último mês de agosto não foi um cenário muito promissor para a exploração do espaço. No dia 18, os russos perderam o satélite de telecomunicações Express-AM4. Menos de 10 dias depois, no dia 24, o cargueiro Progress M-12M não conseguiu entrar em órbita e caiu na Sibéria. Os acidentes, contudo, não fazem especialistas temerem por futuras missões ou por projetos já em andamento.
Para José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira, os atuais percalços se devem à falta de recursos financeiros para melhorar a infraestrutura e os equipamentos, apesar da grande riqueza russa, que são os profissionais formados nas últimas quatro décadas. "Falta tudo. Mas sobretudo uma política de fortalecimento, reforço e consolidação do programa espacial em uma nova época", diz.
Minimizando os acidentes na Rússia, que podem até mesmo levar à evacuação da Estação Espacial Internacional (ISS), a empresa Orbital Technologies se mantém firme na intenção de construir uma estação espacial comercial - com hotel - nos próximos cinco anos. De acordo com Stacey Tearne, porta-voz da empresa, os planos continuam de pé, inclusive a utilização das Soyz para o transporte de hóspedes. "As Soyuz continuam sendo a espaçonave tripulada mais segura em operação", afirma.
Ela explica que a estação comercial também contará com docas para acoplagem de outras naves além da Soyuz, mas que isso já era parte do projeto inicial. Para Stacey, "nenhum outro programa espacial tem um histórico de tanto sucesso como o russo". Monserrat concorda, e destaca que a Rússia tem alcançado grandes resultados na exploração do espaço e na conquista de prestígio internacional. Ainda assim, o primeiro-ministro Vladimir Putin ordenou um maior controle de qualidade na Roskosmos, a Agência Espacial Federal Russa.
Sobre a ISS, Monserrat acredita que os russos ainda investirão na sua utilização. "Ela está na sua última fase, mas ainda pode ser útil", disse ele, ao explicar que a estação tem um tempo de vida limitado. Na opinião do especialista, os Estados Unidos estão desistindo da ISS, e isso seria por se tratar de uma operação muito cara e que gera pouca visibilidade internacional. Assim, cabe à Rússia tomar a dianteira dos projetos relacionados à estação. Mas, para isso, "eles precisam de dinheiro, de investimento, o que é difícil num momento de crise", lamenta.
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