
(Viafanzine / AstroVia)A Agência Espacial Brasileira (AEB), subordinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), atualmente ocupado pelo empresário e político Aloizio Mercadante (PT), nomeou o seu assessor de Cooperação Internacional. Trata-se do professor José Monserrat Filho, advogado, especialista em direito espacial e vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial (SBDA), quem detém um vasto currículo na área espacial.
Nos últimos três anos, Monserrat dirigiu a Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), durante a gestão do Ministro Sergio Rezende. Ele sucede o Embaixador Carlos Campelo que ocupou o cargo desde a fundação da AEB, há 17 anos.
Cientistas na área
A nomeação vem de encontro com recentes declarações do ministro Mercadante, deixando entender que pretende dotar a agência de servidores com formação compatível com a área, evitando nomeações por motivos políticos, como em outrora. Na gestão de Lula a AEB ficou praticamente na mão do PSB, comandado pelo recentemente exonerado da Alcântara Cyclone Space, Roberto Amaral.
Naquele período – como em outros do anterior governo FHC – a agência foi bastante criticada, além de ser acusada por efetuar desperdícios de verbas de toda natureza, sobretudo, com consultorias incapazes de lançar um avião de papel. Um volume milionário de verbas foi gasto pelas últimas gestões, sem proporcionar, sequer, a viabilização de um único projeto de expressividade.
Além de a Agência Espacial Brasileira não ter “decolado” nenhum projeto de grande envergadura, o programa para Veículos Lançadores de Satélites (VLS) – prioridade nacional, no momento -, que empreende uma parceria ucraniana, continua sendo um sonho distante da realidade.
Na verdade, mudanças 'radicais' na AEB tiveram início em março de 2011, quando o Ministério da Ciência e Tecnologia exonerou o economista Carlos Ganem e nomeou o físico Marco Antonio Raupp à presidência da agência. Raupp é matemático, ex-diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atual presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A nomeação de um técnico da área sinalizou que novas possibilidades realmente poderiam estar por vir.
'A AEB de Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante sinaliza às possibilidades
de gestões mais racionais dentro da agência espacial do Brasil, inclusive,
que possam considerar de maneira mais respeitável, os parcos recursos'
de gestões mais racionais dentro da agência espacial do Brasil, inclusive,
que possam considerar de maneira mais respeitável, os parcos recursos'
Relações 'externas'
No Brasil, a necessidade de "arrumar a casa" no campo espacial é urgente, conforme mostrou uma recente reportagem da revista ‘Isto É’ (29/04/2011) denunciando a estreita atuação de um lobista junto a projetos estratégicos do país. Entusiastas e pesquisadores estão cientes de ações repletas de desperdícios na agência - inclusive, algumas delas foram denunciadas e viraram matérias de Justiça.
Daí a necessidade de uma boa gestão por parte de José Monserrat Filho no setor das relações internacionais, cujo sucesso, implicará, sobretudo, na eliminação de lobistas e atravessadores de variadas estirpes políticas, que costumam aterrissar sobre verbas públicas de toda natureza. Isso seria de fundamental importância para o efetivo sucesso do programa espacial brasileiro, cujo custo total gira em torno de meio bilhão de reais - o que é pouco, diante à demanda de outras necessidades.
A partir do instante em que o Brasil puder executar lançamentos de satélites, através da binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), outras portas vão se abrir no campo espacial. É necessário saber aproveitar a localização estratégica do Centro de Alcântara, no Maranhão e tirar proveito disso em prol do país. Como também é necessário envolver não somente acadêmicos da área, mas aproximar jovens estudantes dos temas tratados pela agência espacial, criando estágios, oficinas, cursos e maior interação com o meio estudantil em geral, de onde deverão sair os nossos futuros "tupinautas".
Portanto, ainda que em suaves esboços, a AEB de Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante sinaliza às possibilidades de gestões mais racionais dentro da agência espacial do Brasil, inclusive, que possam considerar de maneira mais respeitável, os parcos recursos - se comparados aos de países similares em PIB - destinados às pesquisas e desenvolvimentos de projetos tecnológicos na área espacial.
Lembramos que, dos BRIC, o Brasil é o país mais atrasado no setor espacial – bem distante do terceiro colocado, a Índia que já é capaz de colocar em órbita os suas próprias produções. E, possivelmente, isso não deve mudar nas próximas gerações. Mas, contraditoriamente, esse fato se torna um motivo a mais para entendemos a vastíssima demanda de trabalhos que urgem nessa área de suma importância para o desenvolvimento de tecnologias próprias, evidenciando, em contrapartida, a soberania e o reconhecimento internacional.
Enfim, somente agora, muitos acreditam que a AEB possa estar apenas começando. O que já seria um bom começo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário