quinta-feira, 14 de abril de 2011

Prejuízos na Área Espacial

Grupo binacional responsável por gerir o programa brasileiro registra perdas acumuladas de R$ 40,4 milhões desde 2008

(Correio Braziliense / Brazilian Space) A empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), responsável por fazer avançar o programa espacial brasileiro, registrou em 2010 prejuízo acumulado recorde de R$ 40,4 milhões, duas vezes e meia maior do que o saldo negativo fixado em dezembro de 2009. Esse valor representa a situação financeira da empresa desde 2008 e vem acompanhado de um crescimento expressivo de gastos para a manutenção da máquina e não de investimento.

A despesa com pessoal cresceu 20% em 2010 e atingiu R$ 13 milhões, contra R$ 10,8 milhões no período anterior. O mesmo ocorreu com serviços terceirizados. A cifra mais que duplicou no ano passado e atingiu R$ 700,5 mil, contra R$ 340,3 mil. Essas duas cifras foram às principais responsáveis pelo aumento do prejuízo líquido da empresa de R$ 24,2 milhões. A despesa com viagens permaneceu basicamente inalterada, em R$ 1 milhão.

A Alcântara Cyclone Space, que até 25 de março era presidida pelo ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, também investiu na compra de veículos, móveis e utensílios. No fim de 2010, a empresa informou ter R$ 224,2 mil em automóveis, R$ 90 mil a mais que 2009. Com mobília, o ativo está registrado em quase R$ 270 mil, valor que era de R$ 211 mil no ano anterior.

Fontes ligadas à ACS dizem que a empresa não tem receita, já que o capital existente vem do acordo de cooperação Brasil-Ucrânia e, contabilmente, não pode ser tratado como receita. Ou seja, os R$ 40,4 milhões apresentado no balanço contábil representam o total de gastos desde 2008.

No ano passado, a ACS fechou contrato sem licitação de R$ 546 milhões para a construção de um novo centro de lançamentos de foguetes em Alcântara (MA). Esse montante deve ser investido até o ano que vem e busca o sucesso do veículo lançador de satélites Cyclone 4, de origem ucraniana. Até agora sem sucesso, a empresa binacional espera ter o veículo no espaço até o fim do próximo ano.

Em 2003, o Brasil teve um baque em seu programa espacial com a explosão do Veículo Lançador de Satélites em Alcântara. O foguete iria colocar em órbita um satélite meteorológico. A explosão, que matou 21 pessoas, teria sido causada por energia estática acumulada no local. O VLS, diferentemente do produto de cooperação entre Brasil e Ucrânia, é de construção da Força Aérea. Procurada, a assessoria de imprensa da Alcântara Cyclone Space (ACS) não deu resposta até o fechamento desta edição. O ex-presidente da empresa Roberto Amaral não atendeu aos telefonemas do Correio.
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E mais:
Empréstimos para salvar Cyclone 4 (O Globo / JC)

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