quarta-feira, 16 de março de 2011

Programa Espacial Brasileiro Precisa ser Acelerado

Em seus primeiros pronunciamentos, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, menciona duas grandes áreas estratégicas para o Brasil: a nuclear e a aeroespacial

(SBF / Brazilian Space) Analisar a viabilidade da manutenção da concepção atual de desenvolvimento de um Veículo Lançador de Satélites (VLS), em curso há mais de duas décadas sem ainda ter conseguido alcançar o espaço. Essa será uma das principais missões do Dr. Marco Antônio Raupp, novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), que deve ser empossado nos próximos dias pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.

No lugar de Carlos Ganem, que esteve à frente do Programa Espacial Brasileiro nos últimos quatro anos, o novo dirigente da agência também deverá ter pela frente o projeto Cyclone 4, que tem entre seus objetivos a criação de um centro de lançamento de satélites em Alcântara, no Maranhão, em parceria com a Ucrânia. O cronograma do Cyclone 4, gerenciado pela binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), está atrasado: os primeiros foguetes deveriam ter sido lançados em 2010.

”O Programa Espacial Brasileiro tem hoje uma dimensão muito menor do que a necessária, estando muito longe dos programas desenvolvidos na Rússia, Índia e China, os demais países do BRIC”, disse Celso de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

“Atualmente, o grosso do programa espacial está concentrado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais [INPE] em programas para a observação da Terra e no lançamento dos Satélites Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres [CBERS], em conjunto com a China”, aponta Melo. “Mas em uma mesa-redonda promovida pela SBF em julho passado, dentro da 62ª Reunião Anual da SBPC, realizada em Natal, verificamos que a situação do programa é muito crítica. O Brasil ainda não tem, por exemplo, nenhum projeto para desenvolvimento de um satélite geoestacionário”, disse.

O novo presidente da AEB, Marco Antônio Raupp, é matemático e exercia a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a direção geral do Parque Tecnológico - São José dos Campos (PqTec SJC). “Sabemos que o Programa Espacial Brasileiro é extremamente importante para a sociedade brasileira e a SBF gostaria de participar das discussões relacionadas a seu novo escopo”, afirma Celso de Melo.

O Programa Espacial Brasileiro existe desde a década de 1960 e reúne militares, cientistas e técnicos que trabalham para inserir o Brasil no grupo de países com domínio de tecnologias para exploração do espaço. Embora já tenha desenvolvido satélites próprios, o país ainda não tem meios de acesso ao espaço. A iniciativa para o desenvolvimento de um lançador brasileiro, em andamento desde 1980, teve três lançamentos, todos malogrados. Na última tentativa, em 2003, um incêndio deixou 21 mortos no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Os dois acidentes anteriores, em 1997 e 1999, não fizeram vítimas.

O governo federal ainda não divulgou seus planos para os próximos lançamentos de foguetes, área que não conseguiu avançar desde o acidente de 2003 em Alcântara. Em visita ao Instituto Nacional de Pesquisas Espacial, no entanto, o ministro garantiu que o país “continuará tentando ter um veículo próprio capaz de colocar satélites em órbita”.

Em seu discurso de posse, Mercadante mencionou duas grandes áreas estratégicas para o Brasil: a aeroespacial e a nuclear. “De fato, o Brasil não pode prescindir de um Programa Espacial fortalecido, que conte com recursos suficientes, nos níveis necessários para atender as importantes demandas por satélites e por aplicações espaciais, inerentes aos dias de hoje”, disse.

“Deve, inclusive, aproveitar comercialmente as vantagens geográficas de Alcântara e promover o desenvolvimento industrial de toda uma cadeia vinculada às atividades do Programa. Também não podemos esquecer a relevância de termos um veículo lançador operante, pois com ele poderíamos dominar toda a cadeia da indústria aeroespacial. Nesse contexto, daremos redobrado apoio à Agência Espacial Brasileira”, complementou o ministro.

Apesar de ainda não ter conseguido lançar seu foguete, o primeiro satélite brasileiro, projetado e construído pelo INPE, completou 17 anos em órbita em 2010: o SDC-1, satélite de coleta de dados utilizado na previsão do tempo e no monitoramento dos níveis de rios e represas, chegou ao espaço pelo foguete norte-americano Pegasus, em 1993.

CONTATOS
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Tel: 0/xx/81 2126-8450
E-mail: celso@df.ufpe.br

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Tel: 0/xx/11 9178-9661
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