sexta-feira, 11 de março de 2011

Investimento Espacial

Parceria entre UnB e universidade da Ucrânia oferece chance inédita de capacitação em uma área de carência no Brasil: a engenharia aeroespacial

(Correio Braziliense / Brazilian Space) A falta de engenheiros qualificados pode ser um problema para o Brasil, caso a demanda no mercado de trabalho continue crescendo no mesmo ritmo dos último anos. Segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), o deficit chega a ser de 20 mil profissionais por ano. Uma das áreas mais carentes é a de engenharia aeroespacial. Visando minimizar esse problema, a Universidade de Brasília (UnB) realizará mestrado no setor em conjunto com a Universidade de Dnipropetrovsk, na Ucrânia. Dez pessoas participarão do projeto que prevê um ano de estudos no Brasil e um semestre na Ucrânia. Seis graduados em engenharia mecânica e quatro em engenharia elétrica serão selecionados.

A empresa binacional Brasil-Ucrânia Alcântara Cyclone Space (ACS) contratará os futuros especialistas para trabalhar em sua base de lançamentos no Maranhão. Além disso, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnólogico (CNPq) pagará bolsa de R$ 1.200 para cada estudante, além de cobrir os custos com a viagem. As inscrições estão abertas no departamento de engenharia mecânica.

O Processo
Investimento espacial é o normal para mestrados no departamento: será analisado o currículo, além da experiência, e publicações na área. O professor responsável pelo projeto, Carlos Gurgel, estima que o resultado final deve ser divulgado no final de março.

Pedro Luiz Kaled, 22 anos, recém-graduado em mecânica pretende participar do processo seletivo. Ele diz que sempre sonhou em trabalhar na área. Por isso, já no segundo semestre da faculdade, entrou para o grupo de pesquisa em propulsão espacial da engenharia mecânica. Lá, conheceu Fábio Rezende,24, João Bosco Maciel, 24 e Cristiano Vilanova,22.

Os três também sonham trabalhar com foguetes e satélites. “Quando era criança, queria ser astronauta, mas crescendo percebi que meu caminho era outro” conta Cristiano. Fábio explica que a oportunidade é única, já que eles podem se especializar no departamento e ao mesmo tempo ajudar o país a se desenvolver no setor. Pensando nisso, eles já estudam russo desde que a parceria entre as universidades foi anunciada há um ano e meio.

A confiança é alta entre os amigos. Para eles, a experiência no grupo da UnB especializado em pesquisas espaciais os qualifica para participar do mestrado. Pedro e Cristiano já puderam, inclusive, colocar o russo em prática. Em setembro do ano passado eles foram apresentar um artigo em Lisboa e aproveitaram para acompanhar dois professores em uma visita à Universidade de Dnipropetrovsk, no quadro da parceria entre as instituições.

Investimento
A época não podia ser melhor para quem vive com a cabeça literalmente no mundo da lua. Desde 2008, o orçamento do Brasil para a área espacial foi de pouco mais de R$ 1 bilhão, segundo o site da Agência Espacial Brasileira. Um reflexo disso é que, no mesmo período, duas graduações em engenharia aeroespacial foram criadas, uma na Universidade Federal de Minas Gerais e outra na Universidade Federal do ABC.

A UnB também pretende criar essa formação no câmpus do Gama em 2012. Segundo o diretor da Faculdade do Gama, Alessandro Borges, o planejamento para o curso já está feito e o Departamento de Ensino e Graduação da Universidade já estuda a viabilidade do projeto. Para concretizar a criação da nova matéria para Brasília, o professor do Instituto de Física da UnB e membro do comitê espacial da universidade José Leonardo Ferreira conta que o grupo visitou diversas universidades no Brasil e no exterior, como a Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e a La Sapienza, em Roma.

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