segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Desafio de Dilma: Setor Aeroespacial Deve Receber Mais Atenção


(O Vale / Brazilian Space) Embora tenha ampliado os investimentos na área de ciência e tecnologia, o governo do ex-presidente Lula não priorizou o setor aeroespacial e nem solucionou um dos principais gargalos da área, a reposição de pessoal no INPE e no DCTA.

A administração da presidente Dilma Rousseff (PT) irá enfrentar grandes desafios nesse setor, em que pese a petista ter afirmado em seu discurso de posse que irá dar mais atenção à área de pesquisas.

Durante os oito anos da gestão de Lula, o setor aeroespacial enfrentou grandes dificuldades orçamentárias, que provocaram atrasos e revisão de cronogramas e projetos.

Mas o fato marcante da era Lula foi à tragédia de Alcântara, no Maranhão. Em 2003, um incêndio destruiu a torre de lançamento do VLS (Veículo Lançador de Satélite), no Centro de Lançamento de Alcântara (MA), vitimando 21 técnicos e engenheiros do IAE/DCTA.

Abalo - A tragédia abalou o programa espacial brasileiro, que já havia registrado duas tentativas frustradas de lançamento do VLS no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

A retomada do programa espacial foi lenta. A reconstrução da torre, após revisão total do projeto, somente foi reiniciada em 2009, em razão de atrasos no processo licitatório para a contratação de um consórcio de empresas para a execução do projeto. A obra, orçada em R$ 44,1 milhões, somente será concluída totalmente este ano.

Revisão - O projeto do VLS também tem enfrentado dificuldades. Após o fracasso de dois lançamentos do foguete espacial brasileiro, o programa foi revisto.

No momento, o IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) realiza testes com o novo veículo e programou para 2012 o vôo tecnológico do VLS. Mas a previsão mais otimista é que ele somente será lançado com carga útil em 2015.

Na área de satélites, o país, no período Lula, lançou apenas um, da família Cbers (satélite sino-brasileiro de recursos terrestres).

Está programado para outubro deste ano o lançamento de um novo satélite da mesma família, mas falta definir o veículo lançador.

No ano passado, a Comissão de Altos Estudos da Câmara dos Deputados lançou um inventário sobre a Política Espacial Brasileira.

O documento relata a história do Programa Espacial, os fatos positivos e negativos e as perspectivas futuras.

Um dos pontos destacados é que o governo não tem investido recursos necessários no setor e nem priorizado a reposição de pessoal.

Mudanças - A necessidade revisão do PNAE (Programa Nacional de Atividades Espaciais) é admitido por especialistas e pesquisadores vinculados ao setor aeroespacial. O diretor geral do INPE, Gilberto Câmara, é um deles.

Ele é categórico em afirmar que a falta de recursos humanos e financeiros é sério. Para Câmara, "o discurso oficial do programa espacial ficou velho, ligado à retórica dos anos de 1970". Câmara defende a tese de que é preciso olhar o setor aeroespacial de acordo com a realidade atual do país.

Um grupo de pesquisadores e especialistas do DCTA e do INPE, abrigados na AAB (Associação Aeroespacial Brasileira), propôs a fusão do IAE, INPE e AEB (Agência Espacial Brasileira) em um único organismo, vinculado diretamente à Presidência ou Vice-Presidência da República, para dinamizar a área espacial.

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