segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Satcol: mais um capítulo


(Panorama Espacial) No início da semana passada, passou-se mais um capítulo do já complicado programa colombiano para a aquisição de um satélite geoestacionário de comunicações, conhecido como Satcol. Após um processo de avaliação de propostas entregues por interessados no início de agosto, Bogotá declarou mais uma vez deserta a licitação, isto é, nenhuma das propostas atendeu os requisitos mínimos exigidos. A informação é do jornal local "El Tiempo".

De acordo com informações oficiais, disponíveis no website do Ministério das Comunicações da Colômbia (Mintic), dois grupos apresentaram propostas: a China Great Wall Industry Corporation (CGWIC), da China; e a norte-americana Orbital Sciences Corporation (OSC).

A CGWIC, que já tem presença relevante na América do Sul (o Venesat-1, da Venezuela, foi construído pelo grupo chinês, que também negocia com a Bolívia em relação ao projeto do Tupac Katari), apresentou uma proposta relativamente bem detalhada, mas sem vários documentos e informações exigidos no processo levado a cabo pelo Mintic. Assim, foi considerada insatisfatória.

Já a "oferta" da OSC nem sequer foi considerada como uma proposta de fato. A empresa americana apresentou apenas um folder contendo informações de caráter técnico-comercial, ignorando algumas exigências de documentos específicos exigidos no processo. Por esta razão, o governo colombiano considerou que o interesse da Orbital não se constitui como uma proposta, tendo sido, portanto, ignorada.

O documento com todas essas informações traz, aliás, muitos outros dados interessantes, inclusive técnicos. Apesar do pedido da CGWIC, o Mintic, nos termos da legislação colombiana, considerou todos os dados como públicos, tendo os divulgado. Há, por exemplo, uma tabela de confiabilidade dos satélites da série DFH, desenvolvida e construída pela CGWIC. Nela são listados cinco satélites já colocados em órbita, inclusive o Venesat-1. Destes, dois (Sinosat 2 e NIGCOMSAT 1) tiveram falhas operacionais, tendo já sido retirados de serviço. Embora na tabela conste que o satélite de comunicações venezuelano está 100% operacional, foi incluída uma observação: "existem informações contraditórias sobre o estado deste satélite com falhas similares aos outros modelos de voo DFH nos painéis solares. Logo, diante da falta de informação de caráter oficial, não foram consideradas perdas de capacidade operacional para este satélite."

Em junho de 2009, o blog já havia divulgado rumores sobre falhas no Venesat-1, que circulavam no mercado. Alguns meses depois, porém, o governo de Hugo Chávez negou quaisquer falhas.

Resta agora saber qual será a alternativa que o governo da Colômbia buscará para atender o programa Satcol, que talvez seja muito exigente por aquilo que Bogotá está disposta a pagar. No final de 2009, o governo colombiano já havia declarado a concorrência como deserta, após ter recebido uma proposta, considerada também insatisfatória, da companhia russa Reshetnev. Chama, aliás, atenção o fato de fabricantes europeus como a Thales Alenia Space e a EADS Astrium não terem feito ofertas nesta última fase.

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