quinta-feira, 20 de maio de 2010

Astronautas treinam para missões espaciais no fundo do mar

Os 'aquanautas' Satoshi Furukawa (à esquerda) e Nicholas Patrick participam de uma missão submarina de treinamento extra-veicular para a Nasa no ano de 2007
(The New Yotk Times / Terra) Os Estados Unidos não devem enviar astronautas à Lua ou a Marte por pelo menos mais 10 anos, mas estes ainda podem pelo menos fazer uma ideia das condições que encontrariam, ao viver a uma profundidade de 20 metros sob o mar.

Na última sexta-feira, uma tripulação de seis astronautas, dois dos quais veteranos de missões espaciais, desceu ao Aquarius, um laboratório submarino instalado ao lado de um recife de coral cerca de cinco quilômetros distante de Key Largo, na Flórida.

Trata-se da 14ª missão em um programa criado nove anos atrás e conhecido como "orientação para missões em ambientes extremos", ou Neemo. Durante as duas semanas que passarão no laboratório, os aquanautas participarão de caminhadas espaciais simuladas, operarão um guindaste e executarão outras tarefas parecidas com aquelas que os astronautas teriam de realizar em uma missão de construção de um habitat em outro planeta.

"Os objetivos primários da missão são tarefas de engenharia, testes e concepção de operações relacionadas à exploração espacial", disse William Todd, o diretor de projeto da missão Neemo 14. (Aparentemente, a mancha de petróleo que está se espalhando pelo Golfo do México não afetará a Neemo.)

Partes da missão parecem seriamente desatualizadas, se levarmos em conta a completa confusão que cerca o programa de voo espacial tripulado da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) no momento. Um dos modelos que os aquanautas devem utilizar em seu período de treinamento simula o Lunar Electric Rover, um veículo de exploração de superfície do tamanho de um utilitário, que talvez jamais venha a ser construído depois que o governo Obama propôs cancelar o programa Constellation, da Nasa, cuja meta inicial era a retomada de missões tripuladas à Lua.

Mas Todd disse que as tarefas de treinamento eram mais importantes que os detalhes dos modelos usados para a simulação. Por exemplo, os tripulantes testarão procedimentos que serviriam para transferir um colega ferido para dentro e para fora do veículo.

"Teremos um veículo de pouso e um veículo de exploração de superfície, e maneiras de embarcar e desembarcar pessoas desses veículos, não importa qual seja o destino das missões", disse Todd. "Temos de compreender de que modo operar nesse tipo de ambiente".

Ao ajustar os controles de flutuação dos trajes de mergulho, os aquanautas poderão simular as condições de gravidade da Lua, equivalente a um sexto da gravidade terrestre, ou de Marte, equivalente a três oitavos da terrestre.

O coronel Chris Hadfield, astronauta canadense que voou duas missões com o programa do ônibus espacial dos Estados Unidos, comanda a Neemo 14. Os demais tripulantes incluem o Dr. Thomas Marshburn, quer participou de uma missão do ônibus espacial no ano passado; Andrew Abercromby, vice-diretor do projeto do veículo lunar de exploração de superfície; e o cientista e pesquisador Steve Chappell.

Dois técnicos prestarão assistência de engenharia ao laboratório Aquarius, controlado pela Administração Nacional da Atmosfera e Oceano (NOAA).

Durante metade da missão, será adotado um lapso temporal de 20 minutos em todas as comunicações entre os aquanautas e o controle de missão, o que reproduziria a demora nas transmissões entre a Terra e Marte. O lapso temporal não só requer que a tripulação trabalhe de maneira mais independente como altera fundamentalmente a natureza da comunicação. Todd disse que quando lapsos temporais foram introduzidos na mais recente missão Neemo, três anos atrás, a Nasa constatou que embora a transmissão em vídeo funcionasse para mensagens gerais, instruções escritas eram melhores para detalhes, a fim de reduzir a possibilidade de erros de compreensão. "São lições importantes", disse Todd.

Enquanto os aquanautas praticam para o que futuro pode trazer, o presente da Nasa continua a ser debatido em terra. Na quarta-feira, o Comitê de Comércio, Ciência e Transporte do Senado vai realizar audiência sobre o futuro do programa de voos espaciais tripulados. O plano do governo não conquistou grande apoio no Legislativo, mas não muitos congressistas defenderam o Constellation.

Na sexta-feira, o ônibus espacial Atlantis iniciou sua missão final, do Centro Espacial Kennedy, e passará 12 dias acoplado à Estação Espacial Internacional, na qual substituirá baterias, instalará uma antena sobressalente e conectará um módulo de suprimento russo. Depois da missão da Atlantis, os dois outros ônibus espaciais restantes - Discovery e Endeavor - realizarão cada qual mais um voo, e em seguida a frota inteira será aposentada.

Mas pode ser que os últimos voos não sejam os últimos. A Atlantis ficará preparada para mais uma missão, a fim de servir de veículo de resgate caso o Endeavor encontre problemas em seu voo final; a esperança de alguns é que, caso a missão do Endeavor transcorra bem, a Atlantis possa voar ainda mais uma missão.

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